Ribeirão Preto, Sábado, 24 de Janeiro de 2009

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Metalúrgicos aprovam o "congelamento" de empregos

3.800 trabalhadores da Tecumseh ficarão parados a partir de segunda-feira

"Congelamento" dos empregos em São Carlos pode ser ampliado e não há estabilidade garantida na volta ao trabalho

ROBERTO MADUREIRA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO CARLOS

Cerca de 1.300 funcionários das duas fábricas da Tecumseh em São Carlos aprovaram ontem, por unanimidade, a proposta da empresa de congelamento das horas trabalhadas por 14 dias e mais o feriado do Carnaval. O "congelamento" dos empregos pode ser ampliado e não há estabilidade no emprego garantida na volta.
De acordo com a proposta da Tecumseh, todos os trabalhadores dos setores de produção, um total de pelo menos 3.800 -95% do total de efetivos-, entram em licença remunerada de segunda-feira ao dia 9 de fevereiro, além de fazerem a ponte no feriado do Carnaval.
Os trabalhadores receberão pelos dias em casa, mas terão o compromisso de compensar as horas quando a produção da empresa voltar ao normal. Segundo a diretoria, as vendas para o exterior, principal mercado da Tecumseh, estão desaquecidas por conta da crise econômica mundial e a produção estava quase parada.
"O principal pedido deles [Tecumseh] era que a produção parasse, independentemente da forma. Assim, eles podem aproveitar essas horas no futuro, quando o mercado voltar ao normal", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos, Rosalino de Jesus de Barros.
Foram duas semanas de negociação até chegar ao acordo, acatado ontem pelos funcionários. A empresa tem 12 meses para reivindicar a compensação de horas. Os moldes de como será feita ainda não foram definidos, mas os sindicalistas dizem não aceitar a troca equivalente de um dia parado por outro de trabalho dobrado.
Há chance de o "congelamento" ser estendido, segundo os sindicalistas. Entre dezembro e janeiro, parte dos funcionários entrou em férias coletivas. Eles voltaram ao trabalho a partir do dia 5 deste mês. Apesar do acordo amigável, a empresa deixou claro que não se trata de garantia de emprego e há risco de demissão.
Na assembleia, os trabalhadores mostraram desconfiança quanto ao futuro. "O tempo parado não vai ser suficiente. Eu estou na empresa há 19 anos e nunca vi uma situação como essa", afirmou Antônio Sérgio Fattori, 59. Para a maioria, o tempo não será aproveitado como férias. "A gente vai ficar pensando no que pode acontecer", disse Celso Silva, 27.


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