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Metalúrgicos aprovam o "congelamento" de empregos
3.800 trabalhadores da Tecumseh ficarão parados a partir de segunda-feira
"Congelamento" dos empregos em São Carlos pode ser ampliado e não há estabilidade garantida na volta ao trabalho
ROBERTO MADUREIRA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO CARLOS
Cerca de 1.300 funcionários
das duas fábricas da Tecumseh
em São Carlos aprovaram ontem, por unanimidade, a proposta da empresa de congelamento das horas trabalhadas
por 14 dias e mais o feriado do
Carnaval. O "congelamento"
dos empregos pode ser ampliado e não há estabilidade no emprego garantida na volta.
De acordo com a proposta da
Tecumseh, todos os trabalhadores dos setores de produção,
um total de pelo menos 3.800
-95% do total de efetivos-,
entram em licença remunerada
de segunda-feira ao dia 9 de fevereiro, além de fazerem a ponte no feriado do Carnaval.
Os trabalhadores receberão
pelos dias em casa, mas terão o
compromisso de compensar as
horas quando a produção da
empresa voltar ao normal. Segundo a diretoria, as vendas para o exterior, principal mercado da Tecumseh, estão desaquecidas por conta da crise econômica mundial e a produção
estava quase parada.
"O principal pedido deles
[Tecumseh] era que a produção
parasse, independentemente
da forma. Assim, eles podem
aproveitar essas horas no futuro, quando o mercado voltar ao
normal", afirmou o presidente
do Sindicato dos Metalúrgicos
de São Carlos, Rosalino de Jesus de Barros.
Foram duas semanas de negociação até chegar ao acordo,
acatado ontem pelos funcionários. A empresa tem 12 meses
para reivindicar a compensação de horas. Os moldes de como será feita ainda não foram
definidos, mas os sindicalistas
dizem não aceitar a troca equivalente de um dia parado por
outro de trabalho dobrado.
Há chance de o "congelamento" ser estendido, segundo
os sindicalistas. Entre dezembro e janeiro, parte dos funcionários entrou em férias coletivas. Eles voltaram ao trabalho a
partir do dia 5 deste mês. Apesar do acordo amigável, a empresa deixou claro que não se
trata de garantia de emprego e
há risco de demissão.
Na assembleia, os trabalhadores mostraram desconfiança
quanto ao futuro. "O tempo parado não vai ser suficiente. Eu
estou na empresa há 19 anos e
nunca vi uma situação como essa", afirmou Antônio Sérgio
Fattori, 59. Para a maioria, o
tempo não será aproveitado como férias. "A gente vai ficar
pensando no que pode acontecer", disse Celso Silva, 27.
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