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Presença estrangeira na cana deve dobrar
Incorporação da Santelisa Vale pelo grupo LDC será a quarta de empresas internacionais feitas na região de Ribeirão
Unidades da Guarani e da Cevasa, somadas às da Santelisa Vale, significam 33,2 milhões de toneladas na mão de estrangeiros
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
A região de Ribeirão Preto irá
assistir na próxima safra de cana-de-açúcar a um volume inédito de moagem controlado por
empresas internacionais.
Com a incorporação da Santelisa Vale -até novembro do
ano passado a segunda maior
empresa do mundo no segmento- pelo grupo francês LDC
(Louis Dreyfus Commodities),
a presença do capital internacional nos canaviais da região
irá mais do que dobrar.
Antes da Santelisa, a Guarani, que tem unidades em Olímpia, Severínia, Pitangueiras e
Colina, a Cevasa, de Patrocínio
Paulista, e a LDC Jaboticabal
(ex-São Carlos) já estavam em
mãos estrangeiras. A Guarani é
controlada pelo grupo francês
Terios; a Cevasa, pela norte-americana Cargill; e a LDC Jaboticabal, pela própria LDC.
Segundo suas controladoras,
as unidades da Guarani e da Cevasa podem processar, juntas,
13,2 milhões de toneladas de
cana -a LDC não divulga dados
por unidade, segundo sua assessoria de imprensa.
Somadas aos 20 milhões de
toneladas que as cinco unidades da Santelisa Vale na região
podem moer -projeção feita
durante a união entre a Santelisa e a Vale do Rosário, em
2007-, os estrangeiros ficariam com pelo menos 33,2 milhões da safra que iniciará em
março. A safra na região passa
de 100 milhões de toneladas.
Além disso, 50% do capital da
usina Vertente, em Guaraci,
pertencia à Moema, comprada
recentemente pela Bunge. No
entanto, segundo Maurilio Biagi Filho, ex-sócio majoritário
da Moema, os demais acionistas da unidade têm preferência
na aquisição da parte da usina
vendida à Bunge.
"Existe um interesse grande
do capital estrangeiro nesse setor", diz Biagi. Um dos atrativos
nos últimos meses, segundo
ele, foi o alto preço do açúcar no
mercado internacional. "Normalmente, quando uma empresa faz uma grande aquisição, a tendência é suas ações
caírem. As da Bunge subiram, e
estavam com recomendação de
compra", disse.
Para o pesquisador do IEA
(Instituto de Economia Agrícola) Sérgio Alves Torquato, o
principal impacto da entrada
de empresas de capital externo
no setor sucroalcooleiro será
na gestão das empresas.
"A gestão deve ficar melhor.
Não que as familiares não tenham boa gestão. Mas, por serem grandes, elas [as multinacionais] conseguem ter mais
flexibilidade e acesso ao crédito, principalmente em tempos
de crise", afirmou Torquato.
Empresas brasileiras tradicionais, que, para ele, veem o
avanço estrangeiro com receio,
devem sentir a "cutucada" e
avançar na gestão.
A injeção de liquidez no mercado é umas vantagens que o
setor deve obter com a chegada
do capital externo, segundo
Biagi. Ele disse ver um incentivo à profissionalização.
A internacionalização, assim
como a fusão de alguns grupos
nacionais entre si, é consequência da necessidade crescente das empresas em ganhar
competitividade, segundo o diretor regional da Unica (União
das Indústrias da Cana-de-Açúcar), Sérgio Prado.
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