Ribeirão Preto, Domingo, 24 de Maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Nº de adolescentes infratores cresce 17%

Dados são do NAI de Ribeirão, que atende os jovens; 55% dos garotos tiveram punição mais grave, que é a internação

Tráfico é principal motivo da alta, com 44,6% do total de atendimentos no núcleo; para psicólogo, prevenção não funciona

DA FOLHA RIBEIRÃO

O número de adolescentes acusados de algum ato infracional em 2008 cresceu 17% em Ribeirão, em comparação com 2007. É o que revela relatório de atendimentos do NAI (Núcleo de Atendimento Integrado), para onde são levados os jovens infratores da cidade.
No ano passado, 665 adolescentes foram encaminhados ao núcleo. Em 2007 foram 568. De todos os adolescentes atendidos, 55% foram internados (367) -medida aplicada nos casos mais graves, como tráfico, homicídio ou roubo a mão armada. A medida é sempre decidida pelo juiz da Infância e Juventude que atende o caso.
O tráfico de drogas foi o crime que mais levou os garotos ao NAI no ano passado. Do total de atendimentos feitos pelo órgão, 297, ou 44,6%, foram de meninos ou garotas pegos com entorpecentes.
O número demonstra uma tendência de alta que teve seu ápice em 2007, quando houve aumento de 97% no número de garotos e garotas encaminhadas ao NAI em relação a 2006, quando 288 foram levados ao local.
Segundo o psicólogo do NAI, Elvio Bono, há uma tendência de aumento do jovem de classe média no crime. Apesar de não haver questionário em relação à renda dos garotos, o psicólogo disse que percebe que tem aumentado a quantidade de meninos de classe média por causa das roupas e da família. "A maioria dos casos está ligada à droga", afirmou.
Bono também disse que o tráfico tem usado garotos por causa das penas mais brandas.
Para o doutor em psicologia social Sérgio Kodato, que coordena o Observatório da Violência e Práticas Exemplares da USP de Ribeirão, é natural que aumente o número de integrantes da classe média, por causa do alcance das drogas e do imediatismo do pensamento dos adolescentes.
Segundo Kodato, o aumento revela que as políticas públicas voltadas à prevenção da violência não estão funcionando.
A reincidência também preocupa. Bono fez um estudo no ano passado que mostrava que 35% dos adolescentes eram reincidentes.
Depois do tráfico, o roubo é o principal responsável por levar os garotos para o NAI. Do total, 169 adolescentes, ou 25,4% do total, foram encaminhados ao núcleo por este motivo. Homicídios levaram cinco adolescentes ao núcleo, e porte de arma, outros 14.
A maioria dos garotos, 504, ou 75,7% do total, mora em Ribeirão Preto. O restante é de outras cidades da própria região, mas que foram flagrados enquanto cometiam algum ato infracional no município.
Do total de atendidos, os que se declaram pretos ou pardos somam 82,7%, ou 550 dos 665 jovens levados ao NAI - 276 se declaram negros (41,5%) e 274, pardos (41,2%). Apenas 116, ou 17,4%, são brancos.
A diferença entre o sexo dos atendidos é bem maior. Dos 665 adolescentes, somente 26 (ou 3,9% do total) são meninas. (GA)


Texto Anterior: Dirigente diz que análise é exagerada
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.