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Nº de adolescentes infratores cresce 17%
Dados são do NAI de Ribeirão, que atende os jovens; 55% dos garotos tiveram punição mais grave, que é a internação
Tráfico é principal motivo da alta, com 44,6% do total de atendimentos no núcleo; para psicólogo, prevenção não funciona
DA FOLHA RIBEIRÃO
O número de adolescentes
acusados de algum ato infracional em 2008 cresceu 17% em
Ribeirão, em comparação com
2007. É o que revela relatório
de atendimentos do NAI (Núcleo de Atendimento Integrado), para onde são levados os
jovens infratores da cidade.
No ano passado, 665 adolescentes foram encaminhados ao
núcleo. Em 2007 foram 568. De
todos os adolescentes atendidos, 55% foram internados
(367) -medida aplicada nos casos mais graves, como tráfico,
homicídio ou roubo a mão armada. A medida é sempre decidida pelo juiz da Infância e Juventude que atende o caso.
O tráfico de drogas foi o crime que mais levou os garotos
ao NAI no ano passado. Do total de atendimentos feitos pelo
órgão, 297, ou 44,6%, foram de
meninos ou garotas pegos com
entorpecentes.
O número demonstra uma
tendência de alta que teve seu
ápice em 2007, quando houve
aumento de 97% no número de
garotos e garotas encaminhadas ao NAI em relação a 2006,
quando 288 foram levados ao
local.
Segundo o psicólogo do NAI,
Elvio Bono, há uma tendência
de aumento do jovem de classe
média no crime. Apesar de não
haver questionário em relação
à renda dos garotos, o psicólogo
disse que percebe que tem aumentado a quantidade de meninos de classe média por causa
das roupas e da família. "A
maioria dos casos está ligada à
droga", afirmou.
Bono também disse que o
tráfico tem usado garotos por
causa das penas mais brandas.
Para o doutor em psicologia
social Sérgio Kodato, que coordena o Observatório da Violência e Práticas Exemplares da
USP de Ribeirão, é natural que
aumente o número de integrantes da classe média, por
causa do alcance das drogas e
do imediatismo do pensamento dos adolescentes.
Segundo Kodato, o aumento
revela que as políticas públicas
voltadas à prevenção da violência não estão funcionando.
A reincidência também preocupa. Bono fez um estudo no
ano passado que mostrava que
35% dos adolescentes eram
reincidentes.
Depois do tráfico, o roubo é o
principal responsável por levar
os garotos para o NAI. Do total,
169 adolescentes, ou 25,4% do
total, foram encaminhados ao
núcleo por este motivo. Homicídios levaram cinco adolescentes ao núcleo, e porte de arma, outros 14.
A maioria dos garotos, 504,
ou 75,7% do total, mora em Ribeirão Preto. O restante é de
outras cidades da própria região, mas que foram flagrados
enquanto cometiam algum ato
infracional no município.
Do total de atendidos, os que
se declaram pretos ou pardos
somam 82,7%, ou 550 dos 665
jovens levados ao NAI - 276 se
declaram negros (41,5%) e 274,
pardos (41,2%). Apenas 116, ou
17,4%, são brancos.
A diferença entre o sexo dos
atendidos é bem maior. Dos
665 adolescentes, somente 26
(ou 3,9% do total) são meninas.
(GA)
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