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Crise global "ensina" jovens investidores de Ribeirão
Antes acostumados só a ganhar, tiveram de aprender com o período de turbulência
Ribeirão-pretano "padrão" que investe na Bolsa de Valores é bastante conservador e "arrisca" entre R$ 25 mil e R$ 40 mil
JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Os efeitos da crise nas ações
da Bolsa de Valores provocaram muitas perdas, mas também serviram de aprendizado
para jovens investidores de Ribeirão que, até a chegada da
turbulência, tinham se acostumado a somente ganhar nos
pregões.
Essa é a opinião de investidores ouvidos pela Folha que, de
casa ou por meio de corretoras,
estão diariamente de olho nas
oscilações do mercado, apreensivos ou eufóricos com o sobe-e-desce de suas ações.
"Parei de acompanhar", disse o advogado João de Carvalho, 25, sobre o período em que
viu seus papéis se desvalorizarem até 30%. Investidor em
ações há três anos, ele disse
acreditar que a crise trouxe
uma nova realidade à Bolsa,
distante dos períodos de sucessivos ganhos dos últimos anos.
"Não há milagre, mas muitos se
acostumaram com aquilo."
O período de maior alta na
Bolsa -entre o início de 2007 e
maio de 2008, quando bateu
seu recorde histórico e ficou
acima de 70 mil pontos- foi o
ápice da entrada de novos investidores da região no mercado, segundo o sócio da Mogiana
Investimentos Fernando Junqueira. Com a crise, o movimento se inverteu.
Segundo Junqueira, o perfil
do investidor de Ribeirão que
procura ganhar com renda variável, como ações e comoditties, é conservador, com investimentos entre R$ 25 mil e R$
40 mil. "Na crise, quem teve
sangue frio conseguiu ganhar
dinheiro."
Entre os que perderam está o
vendedor Alex Sandro Silva
Médico, 23, que aplica há dois
anos em ações, há um ano pessoalmente, via home broker
-instrumento que permite negociações via internet. "É preciso saber esperar um bom momento pra entrar", disse Médico, que avalia ter comprado
ações em um momento errado,
de alta, e ter perdido até 60%
do valor de seus papéis na crise.
Agora, após ter diminuído
suas perdes e vender todas as
suas ações anteontem, ele afirmou querer continuar investindo, com mais prática e planejamento de longo prazo.
Já para o economista Bruno
Geraldo Borges Morando, 23, a
crise trouxe oportunidades.
Em junho de 2008, antes do
agravamento da recessão, ele
vendeu suas ações. Em outubro, com as cotações já em baixa, resolveu comprar novos papéis, enquanto ainda caíam.
"Quando você vê seu investimento diminuindo, num primeiro momento fica nervoso."
Sua estratégia é seguir todas as
informações das empresas,
principalmente balanços.
"Quando uma empresa é sólida, mesmo com a queda, ela vai
voltar a ter lucro." Para ele, o
maior aprendizado da crise é
que "nem sempre se ganha".
Com a queda nos juros, que
reduz o retorno de investimentos ligados à Selic, e a retomada
da Bolsa, o investimento em
ações voltou a ter boa procura,
segundo Junqueira.
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