Ribeirão Preto, Domingo, 24 de Maio de 2009

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Crise global "ensina" jovens investidores de Ribeirão

Antes acostumados só a ganhar, tiveram de aprender com o período de turbulência

Ribeirão-pretano "padrão" que investe na Bolsa de Valores é bastante conservador e "arrisca" entre R$ 25 mil e R$ 40 mil

JEAN DE SOUZA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Os efeitos da crise nas ações da Bolsa de Valores provocaram muitas perdas, mas também serviram de aprendizado para jovens investidores de Ribeirão que, até a chegada da turbulência, tinham se acostumado a somente ganhar nos pregões.
Essa é a opinião de investidores ouvidos pela Folha que, de casa ou por meio de corretoras, estão diariamente de olho nas oscilações do mercado, apreensivos ou eufóricos com o sobe-e-desce de suas ações.
"Parei de acompanhar", disse o advogado João de Carvalho, 25, sobre o período em que viu seus papéis se desvalorizarem até 30%. Investidor em ações há três anos, ele disse acreditar que a crise trouxe uma nova realidade à Bolsa, distante dos períodos de sucessivos ganhos dos últimos anos. "Não há milagre, mas muitos se acostumaram com aquilo."
O período de maior alta na Bolsa -entre o início de 2007 e maio de 2008, quando bateu seu recorde histórico e ficou acima de 70 mil pontos- foi o ápice da entrada de novos investidores da região no mercado, segundo o sócio da Mogiana Investimentos Fernando Junqueira. Com a crise, o movimento se inverteu.
Segundo Junqueira, o perfil do investidor de Ribeirão que procura ganhar com renda variável, como ações e comoditties, é conservador, com investimentos entre R$ 25 mil e R$ 40 mil. "Na crise, quem teve sangue frio conseguiu ganhar dinheiro."
Entre os que perderam está o vendedor Alex Sandro Silva Médico, 23, que aplica há dois anos em ações, há um ano pessoalmente, via home broker -instrumento que permite negociações via internet. "É preciso saber esperar um bom momento pra entrar", disse Médico, que avalia ter comprado ações em um momento errado, de alta, e ter perdido até 60% do valor de seus papéis na crise.
Agora, após ter diminuído suas perdes e vender todas as suas ações anteontem, ele afirmou querer continuar investindo, com mais prática e planejamento de longo prazo.
Já para o economista Bruno Geraldo Borges Morando, 23, a crise trouxe oportunidades. Em junho de 2008, antes do agravamento da recessão, ele vendeu suas ações. Em outubro, com as cotações já em baixa, resolveu comprar novos papéis, enquanto ainda caíam.
"Quando você vê seu investimento diminuindo, num primeiro momento fica nervoso." Sua estratégia é seguir todas as informações das empresas, principalmente balanços. "Quando uma empresa é sólida, mesmo com a queda, ela vai voltar a ter lucro." Para ele, o maior aprendizado da crise é que "nem sempre se ganha".
Com a queda nos juros, que reduz o retorno de investimentos ligados à Selic, e a retomada da Bolsa, o investimento em ações voltou a ter boa procura, segundo Junqueira.


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