Ribeirão Preto, Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2009

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Nº de exames de dengue no ano cai pela metade em SP

Superintendente da Sucen diz que gripe suína pode ter fragilizado as ações antidengue

Vigilância de Ribeirão diz que ações de controle da doença foram mantidas, mas diagnósticos foram divididos com gripe suína


VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Caiu pela metade o número de exames de dengue feitos neste ano no Estado de São Paulo, na comparação com 2008. Em 2008, o Instituto Adolfo Lutz, da capital, realizou cerca de 95 mil exames para detecção da doença a partir do material coletado de pacientes de todo o Estado, exceto em Campinas -que realiza os exames no próprio município.
Neste ano, o número de testes não atingiu 47,5 mil, segundo a assessoria da Secretaria de Estado da Saúde. O mesmo laboratório fez, no entanto, 36 mil exames de casos suspeitos de gripe suína.
Não há estudos que expliquem a queda, mas Affonso Viviani Júnior, superintendente da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) no Estado, disse que a pandemia de gripe suína pode ter fragilizado as ações de combate à dengue no Estado, uma vez que todas as atenções "da mídia e da população" se voltaram para a prevenção contra o vírus H1N1, da nova gripe.
"Na medida em que a mídia e a população estavam com todas as suas atenções focadas na gripe, você acaba prejudicando algumas ações de controle de doenças como a dengue, que necessita da grande comunicação social e da mobilização social [para ser combatida]."
"Houve uma nova doença que ocupou tanto a Vigilância Epidemiológica dos municípios quanto o Adolfo Lutz. A capacidade do laboratório acabou se voltando para os casos de gripe", disse Dalva Wanderley, diretora da Divisão de Combate de Vetores da Sucen.
Regina Gomes de Almeida, diretora de laboratórios do Instituto Adolfo Lutz, diz que todo o material recebido dos municípios para diagnóstico de dengue foi submetido a testes. A demanda, segundo a diretora, é que foi menor neste ano. Na avaliação dela, os municípios podem ter priorizado a coleta de material para o diagnóstico da gripe suína.
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde de Ribeirão Preto, Maria Luiza Santa Maria, tem outra suspeita. No município, diz ela, as ações de controle da dengue não foram interrompidas em razão da gripe suína, mas os profissionais de saúde foram mais sensíveis em relação ao diagnóstico da dengue. Isso porque, em muitos casos, os sintomas de gripe que normalmente eram diagnosticados como suspeita de dengue passaram a ser pesquisados também como suspeita de gripe suína.
Segundo ela, houve realmente uma queda no número de notificações de pacientes suspeitos de dengue -47,5% a menos em relação a 2008-, mas, entre os notificados, houve mais casos positivos.
Neste ano, dos 4.316 casos considerados suspeitos em Ribeirão, 35,3% foram confirmados. Em 2008, foram 6.369 notificações, mas só 16,5% (1.056) eram mesmo casos de dengue.
Ribeirão é a cidade do Estado que registrou o maior número de casos de dengue neste ano, com 1.537 até ontem.


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