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Morte em acidente de trabalho sobe 45%
Enquanto 55 pessoas morreram em acidentes de trabalho em 2006, total chegou a 80 em 2007, revela estudo do ministério
Aumento apontado pelo Ministério da Previdência
na região de Ribeirão Preto
é maior que o verificado
em São Paulo (14,6%)
ROBERTO MADUREIRA
DA FOLHA RIBEIRÃO
As mortes causadas por acidentes de trabalho na macrorregião de Ribeirão Preto aumentaram 45% de 2006 para
2007, de acordo com o Anuário
Estatístico de Acidentes do
Trabalho do Ministério da Previdência Social.
Em 2006, 55 pessoas morreram em acidentes dentro do local de trabalho, no trajeto para
casa ou em decorrência de
doenças contraídas em serviço
nas 89 localidades da região de
Ribeirão Preto. No ano seguinte, o número saltou para 80.
O crescimento, justificado,
em partes, pelo aumento também no número absoluto de
trabalhadores, foi bem maior
do que o registrado no Estado
no mesmo período.
Foram 668 em 2006, contra
766 no ano seguinte, alta de
14,6%, um terço do que apontou o levantamento mais recente -foi divulgado este ano.
No país, o número de mortes se
manteve estável. Em 2007 foram 2.804, seis casos a mais do
que no ano anterior.
Ribeirão Preto, uma das localidades com aumento mais significativo, lidera o ranking de
mortes na região: foi de cinco
para nove casos no período de
um ano.
Araraquara dobrou de três
para seis óbitos. Monte Azul
Paulista, que não computou nenhuma morte em 2006, teve
cinco no ano retrasado e assumiu a terceira posição na lista.
São Carlos e Taquaritinga, também com cinco mortes cada
uma registradas em 2007, completam a lista dos cinco primeiros municípios do ranking.
Para o subdelegado do Ministério do Trabalho em Ribeirão,
Paulo Cristino da Silva, responsável por 32 municípios da região, o crescimento não preocupa por si só, mas é preciso
analisar a natureza dos casos.
"É preciso, em primeiro lugar
ver se há uma tendência de
crescimento. Se existir, precisamos ver caso a caso. Quando
acontecem mortes, invariavelmente apuramos para atribuir
responsabilidade e cobrar melhorias para que não volte a
acontecer." Em dois casos registrados em Jaboticabal e Ribeirão, em janeiro deste ano, o
ministério viu irregularidades
(leia texto nesta página).
Em relação ao número absoluto de acidentes, Franca se
destaca. Apesar de apresentar
queda no número de mortes
(de quatro para duas), viu crescer 55% os casos de acidentes,
de 1.245 para 1.936, a maioria
no percurso ou típicos -dentro
da empresa.
No índice total de acidentes,
Ribeirão Preto aparece mais
uma vez na liderança do ranking em números absolutos,
com 3.813 casos. Araraquara,
São Carlos e Sertãozinho, cidades com foco nos trabalhos industriais e agrícolas, aparecem
na sequência.
Um dos 1.237 acidentados
em Sertãozinho foi Paulo dos
Santos, 50, que teve as duas
pernas esmagadas por um tubo
de cinco toneladas dentro da
metalúrgica em que trabalhava.
O caso aconteceu em março do
ano passado, mas desde o ano
anterior ele reclamava de dores
nas costas por conta do esforço
no trabalho.
Afastado até hoje pelo INSS
(Instituto Nacional de Seguro
Social), ele entrou na Justiça
contra a empresa para tentar
receber os gastos com remédios e recuperação.
"Enquanto sentia dores, eu
pensei na empresa e fiquei.
Quando sofri o acidente, eles
não fizeram o mesmo por
mim", afirmou o metalúrgico,
que precisou que seu filho pedisse demissão de onde trabalhava para ajudá-lo a voltar a
caminhar.
"Muitos nos procuram com o
mesmo problema. Tentamos
orientá-los para não saírem no
prejuízo enquanto os patrões
só visam o lucro", afirmou Élio
Cândido, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sertãozinho e Região.
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