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Receita cobra R$ 4 milhões de 51 clínicas de São Carlos
Estabelecimentos que não pagaram Cofins têm 20 dias para se explicar ao órgão
Se for confirmada a sonegação, o caso vai ao Ministério Público, que
pode abrir inquérito
para investigar fraude
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Cinquenta e uma clínicas
médicas da cidade de São Carlos estão sendo investigadas
pela Receita Federal de Araraquara por sonegação de Cofins
(Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social),
num rombo aos cofres públicos
que pode atingir R$ 4 milhões
desde 2004.
A delegacia da Receita Federal de Araraquara selecionou
157 contribuintes da sua área
de abrangência -que inclui São
Carlos- que não pagaram o
Cofins de 2004 até hoje e, deste
total, listou as maiores dívidas.
"Selecionamos os 57 cujas dívidas eram as maiores e notamos que 51 são de São Carlos,
todos eles clínicas médicas",
afirmou Édson Ribeiro da Silva,
auditor fiscal da Receita Federal de Araraquara. Entre as clínicas e consultórios médicos, a
maior dívida é de R$ 350 mil e a
menor, R$ 20 mil -os nomes
dos estabelecimentos não são
revelados devido a sigilo fiscal.
As clínicas foram intimadas
na última quinta-feira e têm
prazo de 20 dias para se explicar à Receita. "Acredito que boa
parte não paga o imposto por
orientação de advogados. É
possível que algumas clínicas
estejam ancoradas em ações judiciais. Por isso vamos aguardar as respostas."
Caso seja constatada a sonegação, o caso será encaminhado
ao Ministério Público Estadual,
que pode abrir inquérito para
investigação de fraude.
A multa aplicada pela Receita
pode chegar a 150% do valor sonegado. A Cofins incide sobre o
faturamento das empresas e é
destinada à Previdência desde
1992, quando foi criada para
substituir o extinto Finsocial. A
contribuição é de 3% ao mês sobre o faturamento bruto de empresas, indústrias e profissionais liberais.
De acordo com o advogado
Alfredo Bernardini Neto, especializado em direito tributário,
inúmeros profissionais liberais
de Ribeirão Preto e região estão
enfrentando problemas na Receita por conta da cobrança retroativa da Cofins.
"Muitas clínicas médicas, advogados e prestadores de serviço foram orientados por advogados a não pagar a Cofins. Havia uma brecha na lei para evitar a tributação. Com uma decisão recente do STF [Supremo
Tribunal Federal], a Receita
passou a fazer a cobrança retroativa da contribuição."
Em setembro do ano passado, o STF definiu que os profissionais liberais têm de pagar a
Cofins, iniciando uma polêmica que envolve mais de 20 mil
processos no Brasil.
"Essas dívidas precisam ser
pagas. É uma contribuição social e o STF é claro. Não há nada
que possa ser feito", disse Raul
Haidar, advogado tributarista e
ex-presidente do Tribunal de
Ética da OAB de São Paulo.
A Folha tentou ouvir Luis
Eduardo Andreossi, presidente
da Sociedade Médica de São
Carlos e presidente regional da
Associação Paulista de Medicina, mas ele não ligou de volta.
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