Ribeirão Preto, Terça-feira, 25 de Maio de 2010

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Por causa de filho viciado, mãe queima a própria casa

Decisão foi tomada para que o filho não tenha mais o que ser vendido

Caso é investigado pela Polícia Civil e dona de casa pode ser presa por incêndio qualificado; filho diz querer se tratar

HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO

Cansada de ter seus pertences vendidos pelo filho e a nora viciados em crack, a pensionista Fernanda Woczinski, 57, ateou fogo na própria casa, na tarde de anteontem, em Guará, na região de Ribeirão. Ninguém se feriu.
Ela disse que já não sabia mais o que fazer para evitar que o filho Rodrigo, 37, e a nora Gabriela, 30, continuassem vendendo objetos da casa para usar a droga e decidiu atear fogo em tudo. "Achei que assim, queimando tudo, eles poderiam parar de usar droga e ver o mal que estão causando à nossa família."
O casal, que tem uma filha de 11 anos, usa crack há 13 anos. Os dois já passaram por cinco internações em clínicas de recuperação, mas sempre têm recaídas.
"Não quero mais essa vida. Entendo o que minha mãe fez, porque ela estava desesperada. É tudo culpa minha e da minha mulher", afirmou Rodrigo.
De acordo com Fernanda, ao chegar em casa na tarde de domingo ela discutiu com a nora. O casal, disse, havia usado crack no dia anterior e, para comprar a droga, vendeu um cobertor.
"Já venderam de tudo da minha casa. Desde um aparelho de DVD a ventiladores, bicicletas e até uma moto. Os dois já até me agrediram durante a loucura da droga. Não aguentava mais."
A dona de casa disse que não desistiu do filho, mas se ele não parar de usar a droga dessa vez pode tomar uma medida ainda mais drástica.
"Do jeito que as coisas estão vou acabar cometendo uma loucura. Se ele não parar acho que posso até matá-lo. Eu amo meu filho, mas ver tudo que ele tem feito me dá muita revolta."
Fernanda ainda disse que, apesar de ter perdido tudo o que tinha, não se arrepende de ter ateado fogo na casa.
A Polícia Civil investiga o caso e a dona de casa pode ser presa por incêndio qualificado. A pena para esse tipo de crime pode variar de três a seis anos de detenção.
"Perdi tudo o que tinha, desde roupas até documentos, mas eles também não têm mais nada que possam vender e espero que assim parem de se destruir."
Segundo Rodrigo, durante as cinco vezes em que foi internado nunca conseguiu terminar o tratamento.
Afastado do trabalho, ele vive com a pensão da mãe e com o salário de R$ 750 do INSS. Foi com esse dinheiro que ele pagou os tratamentos que não concluiu.


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