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Por causa de filho viciado, mãe queima a própria casa
Decisão foi tomada para que o filho não tenha mais o que ser vendido
Caso é investigado pela Polícia Civil e dona de casa pode ser presa por incêndio qualificado; filho diz querer se tratar
HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO
Cansada de ter seus pertences vendidos pelo filho e a
nora viciados em crack, a
pensionista Fernanda Woczinski, 57, ateou fogo na própria casa, na tarde de anteontem, em Guará, na região de
Ribeirão. Ninguém se feriu.
Ela disse que já não sabia
mais o que fazer para evitar
que o filho Rodrigo, 37, e a
nora Gabriela, 30, continuassem vendendo objetos da casa para usar a droga e decidiu
atear fogo em tudo. "Achei
que assim, queimando tudo,
eles poderiam parar de usar
droga e ver o mal que estão
causando à nossa família."
O casal, que tem uma filha
de 11 anos, usa crack há 13
anos. Os dois já passaram por
cinco internações em clínicas de recuperação, mas
sempre têm recaídas.
"Não quero mais essa vida.
Entendo o que minha mãe
fez, porque ela estava desesperada. É tudo culpa minha e
da minha mulher", afirmou
Rodrigo.
De acordo com Fernanda,
ao chegar em casa na tarde
de domingo ela discutiu com
a nora. O casal, disse, havia
usado crack no dia anterior e,
para comprar a droga, vendeu um cobertor.
"Já venderam de tudo da
minha casa. Desde um aparelho de DVD a ventiladores,
bicicletas e até uma moto. Os
dois já até me agrediram durante a loucura da droga.
Não aguentava mais."
A dona de casa disse que
não desistiu do filho, mas se
ele não parar de usar a droga
dessa vez pode tomar uma
medida ainda mais drástica.
"Do jeito que as coisas estão vou acabar cometendo
uma loucura. Se ele não parar acho que posso até matá-lo. Eu amo meu filho, mas ver
tudo que ele tem feito me dá
muita revolta."
Fernanda ainda disse que,
apesar de ter perdido tudo o
que tinha, não se arrepende
de ter ateado fogo na casa.
A Polícia Civil investiga o
caso e a dona de casa pode
ser presa por incêndio qualificado. A pena para esse tipo
de crime pode variar de três a
seis anos de detenção.
"Perdi tudo o que tinha,
desde roupas até documentos, mas eles também não
têm mais nada que possam
vender e espero que assim
parem de se destruir."
Segundo Rodrigo, durante
as cinco vezes em que foi internado nunca conseguiu
terminar o tratamento.
Afastado do trabalho, ele
vive com a pensão da mãe e
com o salário de R$ 750 do
INSS. Foi com esse dinheiro
que ele pagou os tratamentos
que não concluiu.
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