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Carro era "depenado" no pátio da Transerp
Investigação que está no Ministério Público aponta que peças eram retiradas dos veículos apreendidos e depois, vendidas
Administração diz que "lojinha" que era chamada de "robauto" funcionou entre 2005 e 2008; houve uma ilegalidade neste ano
Edson Silva/Folha Imagem
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Carros e motos apreendidos no pátio da Transerp, em Ribeirão, onde funcionaria o esquema de peças vendidas ilegalmente
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Está nas mãos do Gaeco
(Grupo de Atuação Especial
Regional de Combate ao Crime
Organizado) do Ministério Público uma investigação feita pela Transerp que revela indícios
de um esquema de "depenamento" e liberação irregular de
veículos apreendidos no pátio
da empresa.
O esquema teria funcionado
na administração anterior, entre 2005 e 2008, que nega tudo
(leia texto nesta página).
Testemunhos de funcionários, documentos e fotos mostram que eram retirados ilegalmente dos veículos apreendidos rodas, aparelhos de som,
carburadores e acessórios.
"Descobrimos que ocorria a
liberação de veículos sem pagamento de ônus e a retirada de
equipamentos dos veículos
apreendidos no pátio que posteriormente iriam a leilão", disse Taís Roxo da Fonseca, assessora jurídica da Transerp.
O suposto esquema foi descoberto após a Folha revelar,
em maio, que uma moto foi retirada do pátio sem o pagamento das multas e taxas de estadia,
em fevereiro deste ano. "Esse
caso foi o fio da meada para
descobrirmos as irregularidades ocorridas na gestão anterior. E fomos puxando uma linha que parece não ter fim. A
cada dia se descobre que esse
prejuízo já vinha ocorrendo há
algum tempo", disse Taís.
Sobre o fato de a saída irregular da moto ter ocorrido neste ano, ou seja, nesta administração, a advogada afirmou que
foi um caso isolado. "Essa foi a
única irregularidade ocorrida
em 2009 e os responsáveis já
foram punidos", disse.
Dois funcionários foram demitidos na semana passada
-um deles, Aparecido Donizete do Nascimento, era o responsável pelo pátio, cargo de
confiança do superintendente
da Transerp, William Latuf,
que também acumula a Secretaria de Governo.
Segundo a advogada, o esquema contava com uma "lojinha" dentro do pátio, para onde as peças eram retiradas
eram levadas. "Há uma prova
de que havia uma loja lá no fundo [do pátio] chamada de "robauto". Esses equipamentos
saíam daqui em um veículo
chamado de "fantasminha",
pois não era plotado [sem identificação da empresa]", disse.
O principal exemplo usado
pela atual gestão como prova é
o suposto desaparecimento de
equipamentos e acessórios de
um Astra apreendido em 2006,
e usado, com autorização da
Justiça, pelo ex-superintendente Antônio Carlos Muniz.
Sete funcionários que prestaram depoimento à comissão
sindicante são concursados.
Uns dizem que ouviram falar
do esquema e outros admitem
ter visto as irregularidades.
"Os indícios mostram que
realmente existem fatos graves
que deverão merecer iniciativas civis e criminais do Ministério Público", disse o promotor Sebastião Sérgio da Silveira,
de Ribeirão.
Além do suposto esquema do
pátio, se investiga ainda o "desaparecimento" de pelo menos
20 mil multas de trânsito.
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