Ribeirão Preto, Quinta-feira, 25 de Junho de 2009

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Carro era "depenado" no pátio da Transerp

Investigação que está no Ministério Público aponta que peças eram retiradas dos veículos apreendidos e depois, vendidas

Administração diz que "lojinha" que era chamada de "robauto" funcionou entre 2005 e 2008; houve uma ilegalidade neste ano


Edson Silva/Folha Imagem
Carros e motos apreendidos no pátio da Transerp, em Ribeirão, onde funcionaria o esquema de peças vendidas ilegalmente

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Está nas mãos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Regional de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público uma investigação feita pela Transerp que revela indícios de um esquema de "depenamento" e liberação irregular de veículos apreendidos no pátio da empresa.
O esquema teria funcionado na administração anterior, entre 2005 e 2008, que nega tudo (leia texto nesta página).
Testemunhos de funcionários, documentos e fotos mostram que eram retirados ilegalmente dos veículos apreendidos rodas, aparelhos de som, carburadores e acessórios.
"Descobrimos que ocorria a liberação de veículos sem pagamento de ônus e a retirada de equipamentos dos veículos apreendidos no pátio que posteriormente iriam a leilão", disse Taís Roxo da Fonseca, assessora jurídica da Transerp.
O suposto esquema foi descoberto após a Folha revelar, em maio, que uma moto foi retirada do pátio sem o pagamento das multas e taxas de estadia, em fevereiro deste ano. "Esse caso foi o fio da meada para descobrirmos as irregularidades ocorridas na gestão anterior. E fomos puxando uma linha que parece não ter fim. A cada dia se descobre que esse prejuízo já vinha ocorrendo há algum tempo", disse Taís.
Sobre o fato de a saída irregular da moto ter ocorrido neste ano, ou seja, nesta administração, a advogada afirmou que foi um caso isolado. "Essa foi a única irregularidade ocorrida em 2009 e os responsáveis já foram punidos", disse.
Dois funcionários foram demitidos na semana passada -um deles, Aparecido Donizete do Nascimento, era o responsável pelo pátio, cargo de confiança do superintendente da Transerp, William Latuf, que também acumula a Secretaria de Governo.
Segundo a advogada, o esquema contava com uma "lojinha" dentro do pátio, para onde as peças eram retiradas eram levadas. "Há uma prova de que havia uma loja lá no fundo [do pátio] chamada de "robauto". Esses equipamentos saíam daqui em um veículo chamado de "fantasminha", pois não era plotado [sem identificação da empresa]", disse.
O principal exemplo usado pela atual gestão como prova é o suposto desaparecimento de equipamentos e acessórios de um Astra apreendido em 2006, e usado, com autorização da Justiça, pelo ex-superintendente Antônio Carlos Muniz.
Sete funcionários que prestaram depoimento à comissão sindicante são concursados. Uns dizem que ouviram falar do esquema e outros admitem ter visto as irregularidades.
"Os indícios mostram que realmente existem fatos graves que deverão merecer iniciativas civis e criminais do Ministério Público", disse o promotor Sebastião Sérgio da Silveira, de Ribeirão.
Além do suposto esquema do pátio, se investiga ainda o "desaparecimento" de pelo menos 20 mil multas de trânsito.


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