Ribeirão Preto, Sexta-feira, 25 de Junho de 2010

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Frentista faz acordo com estudante que o atropelou

Preso, Caio Lombardi continua a responder por tentativa de homicídio

Carro do universitário atingiu a vítima, que ficou presa embaixo do veículo; acidente foi flagrado por câmeras

LUIZA PELLICANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO


O frentista Carlos Pereira da Silva, 39, atropelado em fevereiro de 2008 pelo estudante de direito Caio Meneghetti Fleury Lombardi em um posto na avenida Independência, em Ribeirão Preto, fechou um acordo financeiro para receber indenização pelos danos moral, estético e material que sofreu.
Com o acordo, o processo cível está encerrado, segundo o advogado do frentista, Fábio Martins. Na área criminal, porém, Lombardi continua a responder pelas acusações de tentativa de homicídio triplamente qualificado e de tráfico de drogas. O estudante está preso na cadeia de Franca desde janeiro.
"O Carlos ficou satisfeito com o acordo. Ele disse que sentiu que a justiça foi feita. Isso é o mais importante", disse o advogado.
Segundo Eduardo Sandoval, advogado do estudante no caso cível, a intenção da família Lombardi sempre foi a de ressarcir ao menos financeiramente Silva. Porém só agora as partes conseguiram chegar a um acordo.
O valor do acordo não foi divulgado, mas o advogado afirmou que é próximo do solicitado pelo frentista em 2008 -ele pediu R$ 415 mil.
O advogado criminalista Heráclito Mossin, que defende Lombardi, pediu um habeas corpus para que o estudante responda ao processo em liberdade. O pedido, negado pelo Tribunal de Justiça no mês passado, é analisado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em Brasília.
Todas as testemunhas do caso já prestaram depoimento. Lombardi ainda não foi ouvido pela Justiça. "Feito isso, ele vai para julgamento", afirmou Mossin.
Segundo a Polícia Civil, o rapaz atravessou o canteiro da avenida e entrou com o carro direto no posto. Na invasão, arrancou a bomba de gasolina, bateu em Corsa que estava abastecendo e em seguida atropelou o frentista, que ficou preso sob o carro.
Logo depois, o estudante tentou fugir, mas foi impedido por pessoas que estavam no posto. Laudo da polícia apontou que Lombardi estava embriagado. Câmeras do posto flagraram a cena.
Em depoimento na época, segundo a polícia, o universitário afirmou que havia bebido em um trote de calouros do curso de direito da Unaerp. No carro, havia seis frascos de lança perfume.
O frentista teve traumatismo craniano, fraturas e queimaduras. Silva ficou internado por quatro dias no Centro de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas de Ribeirão respirando por aparelhos.
Depois, foi submetido a quatro cirurgias e precisou fazer um enxerto na perna direita, onde sofreu as queimaduras mais graves.
Foram seis meses de recuperação. No período, ele recebeu apenas o auxílio-doença do INSS, que era 40% do seu salário, de R$ 1.300. Após o acidente, Silva voltou a ser frentista no mesmo posto de combustível, onde ainda trabalha.


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