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Indigesta, morte é escondida pela sociedade, diz professor
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO
Para o professor e psicólogo Amir Abdala, a morte, como acontecimento natural,
passou por dois momentos
distintos no último século.
No primeiro, há a dificuldade de sua aceitação, mas
há um enfrentamento, que se
dá no velório, no choro dramático, no luto. Sua representação espacial pode ser o
Cemitério da Saudade.
No segundo momento,
mais recente, há a negação
completa da morte. Sua configuração está representada
nos cemitérios-jardim como
o Bom Pastor.
Abdala diz que as diferenças entre os dois espaços indicam uma mudança nos
costumes. Fica para trás a
exaltação da morte, com o
uso de símbolos que marcam
o túmulo, levando a suntuosidade que havia em vida.
A ruptura com a possibilidade de enfrentar a morte vai
aumentando quando a família não vela o corpo em casa.
A ideia é afastar qualquer
contato com a pessoa morta e
delegar as funções, antes
exercida pela família, a pessoas apropriadas: médicos,
enfermeiros, funerárias.
Os velórios vão ficando
mais curtos e passar um dia
ao lado de um ente deixa de
ser um costume. A morte passa a ser indigesta. "Nesse
sentido, a ideia de cemitério-jardim é a forma mais radical
de negação da morte."
Por outro lado, pode indicar um retorno à concepção
de morte mais natural ou, até
mesmo, uma renúncia à morte ostentada no luxo.
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