Ribeirão Preto, Domingo, 25 de Julho de 2010

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Indigesta, morte é escondida pela sociedade, diz professor

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Para o professor e psicólogo Amir Abdala, a morte, como acontecimento natural, passou por dois momentos distintos no último século.
No primeiro, há a dificuldade de sua aceitação, mas há um enfrentamento, que se dá no velório, no choro dramático, no luto. Sua representação espacial pode ser o Cemitério da Saudade.
No segundo momento, mais recente, há a negação completa da morte. Sua configuração está representada nos cemitérios-jardim como o Bom Pastor.
Abdala diz que as diferenças entre os dois espaços indicam uma mudança nos costumes. Fica para trás a exaltação da morte, com o uso de símbolos que marcam o túmulo, levando a suntuosidade que havia em vida.
A ruptura com a possibilidade de enfrentar a morte vai aumentando quando a família não vela o corpo em casa.
A ideia é afastar qualquer contato com a pessoa morta e delegar as funções, antes exercida pela família, a pessoas apropriadas: médicos, enfermeiros, funerárias.
Os velórios vão ficando mais curtos e passar um dia ao lado de um ente deixa de ser um costume. A morte passa a ser indigesta. "Nesse sentido, a ideia de cemitério-jardim é a forma mais radical de negação da morte."
Por outro lado, pode indicar um retorno à concepção de morte mais natural ou, até mesmo, uma renúncia à morte ostentada no luxo.


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