Ribeirão Preto, Quarta-feira, 25 de Agosto de 2010 |
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Escola usa APM para contratar pessoal Recursos adquiridos pelo aluguel de cantinas ou publicidade em muros banca salários de funcionários extras Estado nega que haja falta de funcionários; para Udemo, cálculo está defasado porque prédios estão maiores
JULIANA COISSI DE RIBEIRÃO PRETO Diante da falta de funcionários, escolas da rede estadual de Ribeirão Preto têm apelado para usar o recurso do aluguel de cantinas ou da publicidade em muros para contratar pessoal extra para limpeza, inspetores de escola e merendeiras. Segundo professores ouvidos pela Folha, esses profissionais são pagos pela APM (Associação de Pais e Mestres), uma prática que ainda existe apesar de a Secretaria de Estado da Educação dizer que é irregular. No ano passado, o Estado abriu concurso para contratação de funcionários e diz que não há mais carência. A situação acontece, pelo relato dos professores, em escolas como a Tomás Alberto Whatelly, a Cid de Oliveira Leite, a Dom Alberto José Gonçalves e a Otoniel Mota. São unidades de grande porte, com pelo menos 1.000 alunos, que têm cantinas rentáveis. As cantinas são arrendadas para particulares, que devem destinar uma parte do aluguel à APM. Por mês, elas rendem de R$ 1.000 a R$ 1.200 para a associação. Em outras escolas bem localizadas, a exploração de um outdoor e de muros da escola com publicidade também gera recursos às APMs. É o caso da Tomás Alberto, que contratou um inspetor para o período noturno com esses recursos. Na Dom Alberto José Gonçalves, a verba é usada não só para pagar cozinheira e faxineira, mas para repor materiais de limpeza. José Wilson de Souza Maciel, conselheiro estadual da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) diz que a prática de contratar funcionários via APM havia sido proibida pelo Estado, que prometeu oferecer terceirizados para suprir a carência de mão de obra. O presidente do Conselho Municipal da Educação, José Marcelino Rezende Pinto, docente da USP, afirma que a contratação de funcionários extras via APM é prática antiga porque sempre faltam funcionários. Suzana Ferro, diretora regional da Udemo, entidade que reúne diretores, diz que existe uma defasagem de funcionários porque o Estado usa dados ultrapassados para calcular a quantidade necessária para cada escola. O chamado módulo prevê, por exemplo, um inspetor para cada dez classes e uma merendeira para cada oito salas. "Escola hoje não é só salas. Tem laboratório, quadra, bibliotecas, é uma área maior para cuidar." Outro problema é o baixo salário pago pelo Estado -R$ 654,86 para inspetor e R$ 628,13 para merendeira. Em escolas como a Walter Paiva e a Jesus Jacomini, funcionários contratados pelo Estado no ano passado já pediram demissão. Próximo Texto: Outro lado: Estado afirma que não faltam funcionários Índice |
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