Ribeirão Preto, Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Preço da cana não cobre custos na região

Valor pago pelas usinas ao produtor é insuficiente, dizem plantadores

Situação é melhor em Piracicaba; associação das usinas diz que valor pago ao produtor é definido pelo Consecana

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Apesar de o preço da tonelada de cana-de-açúcar pago aos plantadores da região de Ribeirão ter crescido 52% na safra 2010/2011 em relação à anterior, o valor ainda não cobre o custo de produção.
A reclamação é de produtores do nordeste do Estado. O preço subiu de uma média de R$ 34 para R$ 52, mas o custo de produção está próximo a R$ 58 por tonelada.
Os prejuízos causados aos produtores se repetem desde 2007, dizem eles.
Segundo Manoel Ortolan, o presidente da Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo), sediada em Sertãozinho, a situação preocupa.
"Houve aumento, mas ainda está mais caro produzir do que vender. Na próxima safra [2011/2012], quem tiver cana vai conseguir preço melhor, mas não vai ser fácil porque, com prejuízo, é mais difícil renovar canaviais", disse.
O produtor Luiz Carlos Tasso Júnior, também de Sertãozinho, disse que é um agravante para esse "momento complicado" a dificuldade de investir em outras áreas do agronegócio.
"Questionam muito o motivo da nossa insistência na cana. Só que é difícil mudar drasticamente de uma atividade para outra, principalmente porque a cultura da região é marcada pela cana. Não se muda isso de uma hora para outra".
Segundo Tasso Júnior, a situação ganhou contornos "tão delicados" que já existem produtores da região colocando em risco suas propriedades para se manter no mercado sucroalcooleiro.
"A remuneração cobre apenas custos operacionais. Não paga o banco nem o trabalho do produtor." Para o Tasso Júnior, os principais "vilões" para o setor são os custos com insumos e transporte da mercadoria.
Em outras regiões, a negociação desses gastos e também do preço da tonelada zerou o prejuízo neste ano, conforme José Coral, presidente da Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo).
Segundo ele, na região de Piracicaba o preço médio pela tonelada chegará a R$ 55 e o custo para produzir a mesma quantidade foi de R$ 52.
"É uma diferença pequena, mas será suficiente para o setor não fechar a safra no vermelho, diferente de anos anteriores", afirmou Coral.
Sérgio Prado, da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), disse que o valor pago ao produtor é definido pelo Consecana (conselho que reúne representantes da cadeia produtiva) e por variações de "mercado".


Texto Anterior: Polícia nas ruas é mais eficaz do que radares, diz especialista
Próximo Texto: Leite Lopes: Webjet reduz número de voos que operam no aeroporto de Ribeirão
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.