Ribeirão Preto, Terça, 26 de janeiro de 1999

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SAÚDE
Pelo menos 12 das 31 unidades de Ribeirão têm déficit de profissionais, prejudicando atendimento aos doentes
Falta de médico afeta 38% dos postos

Ernesto Rodrigues/Folha Imagem
Pacientes aguardam atendimento em corredor da Unidade Básica Distrital de Saúde do Sumarezinho, zona oeste da cidade


LUCIANA CAVALINI
da Folha Ribeirão

Pelo menos 38% das unidades de saúde de Ribeirão Preto estão enfrentando problemas com falta de médicos. Segundo levantamento feito pela Folha, dos 31 postos, 12 apresentam ausência de profissionais de alguma especialidade.
A cidade tem 25 UBSs (Unidades Básicas de Saúde), além das seis distritais, que funcionam 24 horas. Por dia, são atendidas em média 4.400 pessoas nesses postos.
O déficit de médicos nas unidades, que existe desde o ano passado, foi agravado este mês, já que muitos profissionais estão de férias devido ao recesso escolar, prejudicando o atendimento.
Além disso, como a prefeitura não paga horas extras desde novembro, a maioria dos médicos tem deixado de trabalhar fora do horário, segundo informou o sindicato da categoria ontem.
"Todos os anos, um grande número de pessoas entra em férias em janeiro, mas, em outras épocas, como as horas extras eram pagas, era muito mais fácil conseguir médico", afirma Marcelo Bigal, diretor do Sindicato dos Médicos do Nordeste do Estado.
A entidade não soube estimar quantas pessoas são prejudicadas pelo déficit no atendimento.
De acordo com ele, a Secretaria da Saúde tem cerca de 350 médicos e um déficit de 29 profissionais.
Três UBDSs (Unidades Básicas Distritais de Saúde) têm ficado sem médicos para pronto atendimento em algum período do dia.
Em Bonfim Paulista, a unidade tem ficado fechada nos finais de semana e os pacientes são encaminhados para a UBDS Central.
A dona-de-casa Joana Guerreira da Silva, 60, passou mal em um fim-de-semana e não pôde ser atendida em Bonfim Paulista devido à falta de médico no local.
"Me levaram de ambulância e fiquei a tarde toda esperando para tomar uma injeção porque estava com bronquite", afirma. Segundo ela, a unidade estava lotada.
Apesar disso, o gerente da UBDS Central, Rubens Issa Hallak Júnior, nega que a unidade esteja sobrecarregada. "Tivemos um aumento de serviço, mas de apenas 3% ou 4%."
Ele afirma que o quadro de médicos no local está completo e que todos os pacientes estão sendo atendidos.
A distrital do Sumarezinho tem ficado sem pediatra para pronto atendimento em alguns períodos. "Quando não conseguimos médico para cobrir horas extras do setor, os pacientes são transferidos para a UBDS Central", afirma o diretor clínico da unidade, Paulo Muccillo.
Segundo ele, há um déficit de médicos desde o ano passado no local. "Deveríamos ter 18 pediatras, mas estamos com 14. Cinco das 20 vagas para clínico geral também não estão preenchidas."
No levantamento feito pela Folha, foi confirmada falta de médicos de determinada especialidade em algum período em nove unidades básicas de Ribeirão.
Segundo o sindicato dos médicos, o número é maior e a falta de profissionais atinge 13 UBSs.
"A demora para fazer um exame é grande. Às vezes, já tenho retorno marcado, mas não consigo fazer uma radiografia", diz a dona-de-casa Neide Ramos.
A Folha tentou falar durante todo o dia de ontem com o diretor do Departamento Médico, Flávio Patta, mas ele não foi localizado.



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