|
Próximo Texto | Índice
Golpistas da previdência procuram vítimas na região
Aposentados recebem carta "da Justiça" informando que eles têm crédito a receber
Para receber, é preciso pagar "as custas judiciais'; servidor de Ribeirão teve R$ 45 mil depositado na conta, mas cheque era frio
DA FOLHA RIBEIRÃO
Uma aposentada de Araraquara recebeu uma carta com
timbre do Poder Judiciário, cujo texto, cheio de citações de
leis e termos jurídicos, dizia
que ela tinha um crédito de R$
50 mil a receber proveniente de
uma ação sobre um plano de
previdência extinto. Em dúvida
sobre como proceder, procurou
a irmã, que é advogada. Terezinha Machado, 60, a irmã, foi ao
Ministério Público e descobriu
que era tudo um golpe.
"A pessoa, normalmente um
aposentado, recebe o documento em casa avisando que há
um crédito de uma ação indenizatória de uma previdência. O
papel é muito convincente porque menciona leis verídicas, fala nome de cartório e tem até
assinatura de um suposto oficial da Justiça. Para um leigo,
passa segurança", disse o promotor de Araraquara Raul de
Mello Franco Júnior.
No documento, consta a data
e o local da audiência e, caso a
pessoa tenha mais de 60 anos,
um número para ver outras formas de conseguir o crédito.
"Como são aposentados e, propositalmente, o endereço é em
outra cidade, a vítima liga para
se informar. Do outro lado,
uma pessoa, que fala muito
bem, inclusive utiliza linguagem jurídica, fala sobre a ação,
pede uma conta para fazer o depósito e avisa de um valor que
deve ser pago para cobrir despesas judiciais", disse Franco.
Segundo ele, não há números
sobre quantas pessoas já caíram no golpe, mas ele é muito
comum na região.
O mesmo golpe foi aplicado
em Ribeirão Preto de um modo
mais sofisticado. A mãe do servidor público Antônio Queirós
recebeu um telefonema informando que o marido, já falecido, tinha um valor a receber referente a uma previdência.
"Eu liguei no número dado,
que era de São Paulo. A pessoa
que atendeu se identificou como advogada, explicou a ação e
foi bem convincente. Mesmo
após eu dizer que não teria como fazer o depósito para cobrir
as custas, ela pediu a minha
conta para repassar o crédito",
disse Queirós.
Após o contato, ele foi ao
banco e constatou que havia R$
45 mil em sua conta. Chegou a
pensar em fazer o depósito com
os R$ 5.000 pedidos para "despesas de cartório e outros serviços", mas desistiu. Quatro dias
depois, soube que o cheque que
caiu em sua conta não tinha
fundos e era roubado.
Segundo a Promotoria, é difícil localizar as quadrilhas especializadas porque o grupo troca
o número de telefone e retira o
dinheiro das contas abertas
com documentos frios assim
que a fraude levanta suspeitas.
O promotor Franco Júnior
recomenda muita atenção a
quem recebe um documento da
Justiça falando sobre valores a
receber. "Quando existe alguma ação indenizatória, normalmente, as despesas judiciais já
são deduzidas do valor a receber. Além disso, se o processo
for do Ministério Público não
há custos judiciais."
Próximo Texto: Foco: "Nova" Agrishow já agrada expositores antes da estreia Índice
|