Ribeirão Preto, Segunda-feira, 26 de Abril de 2010

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Golpistas da previdência procuram vítimas na região

Aposentados recebem carta "da Justiça" informando que eles têm crédito a receber

Para receber, é preciso pagar "as custas judiciais'; servidor de Ribeirão teve R$ 45 mil depositado na conta, mas cheque era frio

DA FOLHA RIBEIRÃO

Uma aposentada de Araraquara recebeu uma carta com timbre do Poder Judiciário, cujo texto, cheio de citações de leis e termos jurídicos, dizia que ela tinha um crédito de R$ 50 mil a receber proveniente de uma ação sobre um plano de previdência extinto. Em dúvida sobre como proceder, procurou a irmã, que é advogada. Terezinha Machado, 60, a irmã, foi ao Ministério Público e descobriu que era tudo um golpe.
"A pessoa, normalmente um aposentado, recebe o documento em casa avisando que há um crédito de uma ação indenizatória de uma previdência. O papel é muito convincente porque menciona leis verídicas, fala nome de cartório e tem até assinatura de um suposto oficial da Justiça. Para um leigo, passa segurança", disse o promotor de Araraquara Raul de Mello Franco Júnior.
No documento, consta a data e o local da audiência e, caso a pessoa tenha mais de 60 anos, um número para ver outras formas de conseguir o crédito. "Como são aposentados e, propositalmente, o endereço é em outra cidade, a vítima liga para se informar. Do outro lado, uma pessoa, que fala muito bem, inclusive utiliza linguagem jurídica, fala sobre a ação, pede uma conta para fazer o depósito e avisa de um valor que deve ser pago para cobrir despesas judiciais", disse Franco.
Segundo ele, não há números sobre quantas pessoas já caíram no golpe, mas ele é muito comum na região.
O mesmo golpe foi aplicado em Ribeirão Preto de um modo mais sofisticado. A mãe do servidor público Antônio Queirós recebeu um telefonema informando que o marido, já falecido, tinha um valor a receber referente a uma previdência.
"Eu liguei no número dado, que era de São Paulo. A pessoa que atendeu se identificou como advogada, explicou a ação e foi bem convincente. Mesmo após eu dizer que não teria como fazer o depósito para cobrir as custas, ela pediu a minha conta para repassar o crédito", disse Queirós.
Após o contato, ele foi ao banco e constatou que havia R$ 45 mil em sua conta. Chegou a pensar em fazer o depósito com os R$ 5.000 pedidos para "despesas de cartório e outros serviços", mas desistiu. Quatro dias depois, soube que o cheque que caiu em sua conta não tinha fundos e era roubado.
Segundo a Promotoria, é difícil localizar as quadrilhas especializadas porque o grupo troca o número de telefone e retira o dinheiro das contas abertas com documentos frios assim que a fraude levanta suspeitas.
O promotor Franco Júnior recomenda muita atenção a quem recebe um documento da Justiça falando sobre valores a receber. "Quando existe alguma ação indenizatória, normalmente, as despesas judiciais já são deduzidas do valor a receber. Além disso, se o processo for do Ministério Público não há custos judiciais."


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