Ribeirão Preto, Terça-feira, 26 de Maio de 2009

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Veículo do Leva-e-Traz da Saúde "ignora" cadeirantes

Para promotor, "não faz sentido" implantar um novo serviço sem acessibilidade

Secretária da Saúde diz que serviço funcionará na 1ª fase como "teste", para verificar o funcionamento e qual será a demanda


VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO

Os cinco micro-ônibus do programa Leva-e-Traz da Saúde, lançado ontem pela prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera (DEM), não são acessíveis a cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção.
A partir de hoje, os veículos servirão para transportar pacientes e acompanhantes das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) até as UBDSs (Unidades Básicas Distritais de Saúde). Têm direito ao transporte gratuito as pessoas que precisarem ir até uma UBDS para fazer exames ou raio-X.
A secretária da Saúde de Ribeirão Preto, Carla Palhares, admite que os veículos não estão acessíveis. Segundo ela, isso ocorreu porque o serviço funcionará na primeira fase em forma de "teste". "Vamos verificar se o serviço vai funcionar e qual será a demanda", disse.
Reynaldo Lapate, gerente de transporte coletivo da Transerp (Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão Preto S.A.), afirmou que as unidades da Saúde poderão ser adaptadas se a demanda, que será verificada nos primeiros dias, justificar a alteração.
"Hoje, o transporte de pessoas com deficiência é feito pelas 16 vans adaptadas do Leva-e-Traz comum, que leva as pessoas até o local exato de destino", afirmou Lapate.
Para o promotor da Defesa da Pessoa Portadora de Deficiência de Ribeirão, Carlos Cezar Barbosa, embora o prazo legal para tornar acessível o transporte público seja de dez anos contados a partir de 2004, não faz sentido implantar um novo serviço sem acessibilidade.
"Legalmente, não há como exigir isso da prefeitura. Mas houve uma falta de bom senso e uma incoerência por parte do poder público, apesar do prazo", afirmou Barbosa.
O programa Leva-e-Traz da Saúde foi uma das principais promessas de campanha da prefeita Dárcy Vera. O objetivo é otimizar o atendimento nos postos e evitar o uso desnecessário de ambulâncias.
Serão cinco rotas ao todo, uma para cada micro-ônibus, que vai circular das 7h às 17h nas áreas de abrangência de cada uma das UBDSs, distribuídas nas zonas norte, sul, leste, oeste e central da cidade.
Segundo a secretária Palhares, haverá adaptação do serviço de regulação médica em função do novo programa. A ideia é encaixar pacientes de forma mais ágil na agenda dos médicos, especialmente porque o índice de faltas em consultas é alto, chegando a 39%.
Levantamento da Secretaria da Saúde aponta que 27.844 pessoas faltaram em consultas médicas pré-agendadas no mês de março, o que representa 33,2% do total de agendamentos daquele mês.
Para evitar a utilização do micro-ônibus como meio de transporte comum, somente vai ter direito ao serviço o paciente que apresentar uma ficha fornecida pela unidade de saúde. Adultos têm direito a um acompanhante. Não será restringida a entrada de acompanhantes crianças ou idosos.


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