|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Veículo do Leva-e-Traz da Saúde "ignora" cadeirantes
Para promotor, "não faz sentido" implantar um novo serviço sem acessibilidade
Secretária da Saúde diz que serviço funcionará na 1ª fase como "teste", para verificar o funcionamento e qual será a demanda
VERIDIANA RIBEIRO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os cinco micro-ônibus do
programa Leva-e-Traz da Saúde, lançado ontem pela prefeita
de Ribeirão, Dárcy Vera
(DEM), não são acessíveis a cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção.
A partir de hoje, os veículos
servirão para transportar pacientes e acompanhantes das
UBSs (Unidades Básicas de
Saúde) até as UBDSs (Unidades
Básicas Distritais de Saúde).
Têm direito ao transporte gratuito as pessoas que precisarem
ir até uma UBDS para fazer
exames ou raio-X.
A secretária da Saúde de Ribeirão Preto, Carla Palhares,
admite que os veículos não estão acessíveis. Segundo ela, isso
ocorreu porque o serviço funcionará na primeira fase em
forma de "teste". "Vamos verificar se o serviço vai funcionar e
qual será a demanda", disse.
Reynaldo Lapate, gerente de
transporte coletivo da Transerp (Empresa de Trânsito e
Transporte Urbano de Ribeirão
Preto S.A.), afirmou que as unidades da Saúde poderão ser
adaptadas se a demanda, que
será verificada nos primeiros
dias, justificar a alteração.
"Hoje, o transporte de pessoas com deficiência é feito pelas 16 vans adaptadas do Leva-e-Traz comum, que leva as pessoas até o local exato de destino", afirmou Lapate.
Para o promotor da Defesa da
Pessoa Portadora de Deficiência de Ribeirão, Carlos Cezar
Barbosa, embora o prazo legal
para tornar acessível o transporte público seja de dez anos
contados a partir de 2004, não
faz sentido implantar um novo
serviço sem acessibilidade.
"Legalmente, não há como
exigir isso da prefeitura. Mas
houve uma falta de bom senso e
uma incoerência por parte do
poder público, apesar do prazo", afirmou Barbosa.
O programa Leva-e-Traz da
Saúde foi uma das principais
promessas de campanha da
prefeita Dárcy Vera. O objetivo
é otimizar o atendimento nos
postos e evitar o uso desnecessário de ambulâncias.
Serão cinco rotas ao todo,
uma para cada micro-ônibus,
que vai circular das 7h às 17h
nas áreas de abrangência de cada uma das UBDSs, distribuídas nas zonas norte, sul, leste,
oeste e central da cidade.
Segundo a secretária Palhares, haverá adaptação do serviço de regulação médica em função do novo programa. A ideia é
encaixar pacientes de forma
mais ágil na agenda dos médicos, especialmente porque o índice de faltas em consultas é alto, chegando a 39%.
Levantamento da Secretaria
da Saúde aponta que 27.844
pessoas faltaram em consultas
médicas pré-agendadas no mês
de março, o que representa
33,2% do total de agendamentos daquele mês.
Para evitar a utilização do
micro-ônibus como meio de
transporte comum, somente
vai ter direito ao serviço o paciente que apresentar uma ficha fornecida pela unidade de
saúde. Adultos têm direito a um
acompanhante. Não será restringida a entrada de acompanhantes crianças ou idosos.
Texto Anterior: Trânsito: Radar eletrônico multa 3.482 nas vias de São Carlos Próximo Texto: Déficit: Programa vai compensar falta de linhas urbanas Índice
|