|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mudança no hífen foi uma lambança, afirma Pasquale
Filipe Redondo/Folha Imagem
|
|
Prof. Pasquale Cipro Neto, que fala hoje no Salão de Ideias
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Referência no Brasil sobre
língua portuguesa, o professor
e colunista da Folha Pasquale
Cipro Neto, 54, participa hoje
do Salão de Ideias, às 14h, na 9ª
Feira do Livro de Ribeirão. A
seguir, trechos da entrevista.
FOLHA - O sr. começou a dar aulas
alguns anos depois da Reforma Ortográfica de 1971. Foi diferente a
reação do público daquela época?
PASQUALE CIPRO NETO - Sim, porque as mudanças daquela reforma foram poucas, ligadas
aos acentos. Desta vez, tem a
questão do hífen que é um inferno.
FOLHA - Como está a repercussão
da atual reforma?
PASQUALE - As pessoas em geral
não gostam, acham uma coisa
improdutiva, que não traz nenhum benefício. A reação geral
é negativa, sobretudo pelas
confusões que foram feitas em
relação ao hífen. Foi uma verdadeira lambança, porque a
coisa foi interpretada de dois
jeitos e não estava clara. O texto
em si é confuso, muitas das decisões foram arbitrárias.
FOLHA - Hoje há um maior interesse pela língua portuguesa? Por quê?
PASQUALE - Parece que sim.
Tanto que tenho um programa
que está na TV Cultura desde
1994. São 15 anos. Porque, no
mínimo, a escola não anda
cumprindo bem o papel dela,
talvez. Mas o assunto causa interesse por si só.
FOLHA - Quais autores ou livros foram referência para o sr.?
PASQUALE - Muitos, mas essencialmente os de literatura que
me despertaram reações importantes: Machado de Assis,
Carlos Drummond de Andrade,
João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira e Vinícius de
Morais, além dos portugueses
como Fernando Pessoa.
FOLHA - Qual a dificuldade de se
formar público leitor?
PASQUALE - Não acho que haja
muita diferença entre o Brasil e
muitos países. A sociedade está
com outros interesses. A vida
massificada tira das pessoas o
interesse pela cultura. Precisamos de escolas boas, com professor bem preparado, mas a
coisa acontece em casa. Se a família não prestigiar a cultura,
nada acontece.
Texto Anterior: Stopplay: Acusados de golpe retiram site do ar Próximo Texto: Painel Regional Índice
|