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Candidato vende ilusão de cortar imposto
Proposta está nos planos de governo para o interior paulista de Alckmin, Mercadante, Russomanno e Skaf
Especialistas dizem que proposta é "populista", de difícil execução e até "perigosa" para o equilíbrio das finanças
DE RIBEIRÃO PRETO
Reduzir impostos para
acelerar o desenvolvimento e
a criação de emprego. Essa é
uma promessa comum entre
os quatro candidatos mais
bem colocados nas pesquisas para governador, quando
se fala do interior paulista.
O discurso é "música para
os ouvidos" do empresariado, inclusive os da região, e
até os críticos entendem que,
ao menos em tese, o preço
dos produtos consumidos
pela população pode baixar
com a queda dos impostos.
Especialistas, no entanto,
dizem que as propostas são
"populistas", de difícil implementação e até "perigosas" para o equilíbrio das finanças públicas estaduais.
Sem contar que podem ser
inúteis, ainda que os incentivos fiscais sejam concedidos.
O professor Valdemir Pires, do Departamento de Administração Pública da
Unesp Araraquara, e o economista consultor de empresas Jair Manoel Casquel dizem que, sobre desoneração
tributária, os políticos só fazem discurso vazio.
"Os candidatos falam o
que o povo quer ouvir", afirmou Casquel. "Eles têm de
lembrar que não são mágicos
e que, quando eleitos, vão ter
que mostrar o que têm na cartola", disse Pires.
Além de razões técnicas,
os dois especialistas citaram
a tendência à guerra fiscal
(uma espécie de leilão de impostos entre Estados) e outros entraves políticos para a
viabilização das propostas.
Para Pires, antes de dar incentivo fiscal e abrir mão do
dinheiro dos impostos que
podem ser usados para investimentos e serviços públicos, o Estado deveria garantir
melhor infraestrutura às regiões para onde se pretende
atrair empresas.
"Na hora que o governo
começa a tratar do assunto,
começam também os lobbies
de cidades e até setores da
economia", disse Casquel.
Os coordenadores dos programas de governo de Geraldo Alckmin (PSDB), Aloizio
Mercadante (PT), Celso Russomanno (PP) e Paulo Skaf
(PSB) afirmam que as propostas são fundamentadas.
Os tucanos propõem desoneração conforme as particularidades de cada cadeia produtiva. Para o deputado federal José Anibal (PSDB), o
interior "é muito bem estruturado" e o Estado já baixou
impostos antes.
Coordenadora do programa do PT, Angélica Fernandes afirmou que as propostas
da equipe petista "não são
soltas". Quanto à infraestrutura, ela disse que o partido
propôs o PAC Paulista.
Segundo Antonio Carlos
do Amaral Filho, da equipe
de Russomano, os incentivos
fiscais são para "evitar que
empresas saiam" do Estado.
Ele afirmou que, com a estrutura de governo, será possível estudar estratégias para
realizar investimentos firmes
para melhorar o ambiente
para instalação de empresas.
Da equipe de Skaf, André
Rebelo afirmou que foram
feitos estudos para implantar
políticas de incentivo fiscal
para regiões com PIB per capita mais baixo. "Os investimentos [em infraestrutura]
têm de ser complementares."
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