Ribeirão Preto, Domingo, 26 de Outubro de 2008

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Erosões atingem 20 cidades da região de Ribeirão Preto

Solo arenoso, impermeabilização e até aterro de nascente fizeram surgir o problema

Franca e Monte Alto são as localidades com mais voçorocas na região de Ribeirão Preto, aponta levantamento do IPT


Edson Silva/Folha Imagem
Área no Jardim Paulista, em Monte Alto, ameaçada desde que cratera engoliu dez casas, em 2007

MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A MONTE ALTO

Casas desapropriadas, ruas rachadas e parte de um bairro engolida por uma cratera. As voçorocas -erosões subterrâneas causadas por águas pluviais- já causaram esses problemas na região de Ribeirão Preto, mas seus efeitos podem ser ainda mais devastadores.
Tendo como epicentro Franca, que detectou a existência de 25 voçorocas e já foi obrigada a desapropriar parte de um bairro, as erosões existem em proporção muito maior do que se imagina. Estudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) aponta o registro de erosões em 20 localidades da região e, de cinco grandes blocos problemáticos no Estado, dois são da região. Além de Franca, Monte Alto está na lista -os outros são Bauru, Presidente Prudente e Rio Preto.
Como característica, os municípios têm solo arenoso ou foram marcados pela ocupação irregular no passado, permitindo, por exemplo, que nascentes fossem aterradas, como ocorreu em Monte Alto -que no ano passado viu surgir uma cratera no meio do bairro, engolindo dez casas.
"O loteamento em Monte Alto é antigo e, quando foi feito, permitiram isso. Hoje, isso não aconteceria, porque para ser aprovado é preciso estudo de impacto ambiental. Mas isso era comum [no passado]. Nada impede que o problema possa ocorrer em outros pontos da cidade e, como as chuvas vão começar agora em dezembro, começamos a nos preocupar mais", disse o pesquisador do IPT Gérson Salviano de Almeida Filho, autor do laudo sobre o acidente na cidade.
Segundo ele, a expansão urbana tem impermeabilizado o solo, aumentando o escoamento superficial da água, o que pode desencadear o surgimento de erosões. "Toda a água de um bairro acaba sendo lançada num ponto só, sem preocupação. Com o passar dos anos, começa uma pequena erosão, como em Franca."
Franca afirma não ter recursos para resolver o problema. Só em duas voçorocas -Zumbi dos Palmares e Jardim Paulistano- foram gastos R$ 2,3 milhões, segundo o secretário do Planejamento Econômico, Sebastião Ananias.
"Resolver da noite para o dia é difícil, porque os recursos têm destinos diversos. Com menos de R$ 500 mil é praticamente impossível trabalhar em cada uma delas", disse. A secretária do Planejamento Urbano, Valéria Marson, disse que a situação mais crítica hoje está em erosões perto da Unesp e do Hospital do Coração.
Já o secretário do Planejamento e Obras de Monte Alto, Newton Pasqualini, disse que o ideal seria remover todos os moradores da área de risco e demolir os imóveis restantes, mas a administração esbarra na falta de recursos para isso. "Não há algo que fosse tão aviltado como aquele local, porque lá havia um conjunto de nascentes, que foram aterradas. Temos 28 erosões, em função da qualidade do solo e do aumento da velocidade da água."


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