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Franca vê Venezuela avançar e EUA refluir
Participação do país liderado por Hugo Chávez na compra de sapatos da região foi, em cinco anos, de 0,83% para 14,65%
Já a nação governada por George W. Bush, que já chegou a comprar 80% dos sapatos de Franca, hoje compra apenas 33,76%
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
Os EUA, ainda sob gestão de
George W. Bush, estão perdendo espaço nas compras de calçados feitos pelas indústrias de
Franca para a Venezuela, liderada por Hugo Chávez, um dos
principais rivais norte-americanos na geopolítica atual.
Os venezuelanos já compram
um em cada seis pares exportados pelo pólo calçadista da região. Nunca antes na história da
indústria francana se exportou
tão pouco para os EUA, fato
que, em momentos de crise na
maior economia do mundo, é
tido como favorável.
Por outro lado, nunca se vendeu tanto para a Venezuela,
que atualmente responde por
14,65% dos embarques do pólo
de Franca. Compradora de somente 0,83% dos calçados da
região há cinco anos, a Venezuela é o principal expoente de
um clube formado ainda por
Argentina, Reino Unido, Espanha, França e Emirados Árabes, todos compradores de pelo
menos 2% da produção das indústrias de Franca.
Já os EUA, que no passado
recente chegaram a responder
por 80% das vendas de sapatos
produzidos em Franca, hoje
têm participação de 33,76%, de
acordo com números do Sindifranca (Sindicato da Indústria
de Calçados de Franca).
A mudança comportamental
das fábricas de Franca se deve
principalmente à necessidade
de conseguir novos mercados
por causa da concorrência internacional para vender aos
norte-americanos -isso fez
com que, ano após ano, o mercado dos EUA tenha sua importância reduzida para as empresas do pólo francano.
E o avanço na Venezuela entre as empresas compradoras
de Franca se deve à redução de
vendas para a Argentina, que
tradicionalmente ocupava esse
posto, mas que se envolveu em
disputas comerciais com o Brasil, segundo os calçadistas.
"Tenho dois clientes grandes
na Venezuela. Nem procuramos outros compradores, porque os que temos são fortes",
afirmou Téti Brigagão, diretor
comercial da Sândalo.
De acordo com ele, a Venezuela avançou no espaço antes
ocupado pela Argentina. "As
vendas para a Argentina caíram
muito. Outros países da América espanhola, como Chile, Bolívia e México, além da Venezuela, são quase como mercado interno para nós."
O empresário Élcio Jacometti, ex-presidente da Abicalçados (Associação Brasileira das
Indústrias de Calçados), disse
que a queda nas vendas para os
EUA era previsível.
"A situação para exportações
está complicada. Não é porque
o dólar melhorou que negócios
são fechados. Se os EUA não
comprarem, outros países
comprarão", afirmou.
Para José Carlos Brigagão do
Couto, presidente do Sindifranca, a forte concorrência
chinesa e a crise norte-americana obrigaram as empresas de
Franca a buscar novos caminhos. "Sofremos uma forte
concorrência da China lá nos
EUA e, agora, tem essa questão
da crise. Eles estão em recessão
há um ano já, o que obrigou a
gente a diversificar", disse.
O mercado calçadista afirma,
ainda, que a mão-de-obra para
a produção de sapatos na Venezuela é cara e que o mercado do
país vizinho está aquecido.
EUA
33,76%
é a participação dos Estados
Unidos na venda de sapatos produzidos em Franca; número já
foi de 80%
VENEZUELA
14,65%
é a fatia da Venezuela nas vendas externas de sapatos de
Franca, muito acima da participação de 0,83% registrada há
cinco anos
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