Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Fevereiro de 2010

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Mulher ganha menos nas vagas que mais empregam

Levantamento mostra que salário delas na região é até 16% menor do que o deles

Em Ribeirão, um vendedor do comércio em 2009 recebeu R$ 754; a mulher, na mesma atividade, ganhou R$ 105 a menos

JEAN DE SOUZA DA FOLHA RIBEIRÃO

Para exercer a mesma função no mercado de trabalho, eles ainda ganham mais do que elas nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto. Essa é, ao menos, a realidade entre as profissões que mais contrataram ao longo de 2009, com exceção daquelas com forte influência de fatores sazonais, como o corte de cana-de-açúcar e a colheita de laranja.
Com base no Salariômetro, portal eletrônico do governo estadual que exibe estatísticas sobre diversas profissões no país, e em dados do Ministério do Trabalho e Emprego, um levantamento da Folha mostra que a diferença salarial mais acentuada de acordo com o sexo acontece em Franca.
Na cidade, um homem que trabalha como preparador de calçados recebe, em média, R$ 733. Uma mulher nessa função ganha R$ 618 -16% a menos.
Em Ribeirão, a diferença salarial entre vendedores do comércio varejista é de R$ 105, a depender do sexo. O rendimento médio para os homens que exercem a atividade que mais admitiu em 2009 é de R$ 754. São R$ 105 a mais do que as mulheres (veja quadro).
Um dos fatores mais determinantes para a persistência da diferença salarial entre homens e mulheres é a dificuldade das trabalhadoras em ascender no emprego, segundo a gerente de projetos da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Luana Pinheiro.
É determinante para isso o senso comum de que a mulher, além da carreira, acumula o trabalho doméstico e o papel de mãe, o que a impediria de assumir mais responsabilidades na empresa, diz Pinheiro.
Para o professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto) da USP Luiz Guilherme Scorzafave, o empregador pode avaliar fatores como a maternidade (afastamento e contratação de outro empregado nesse período) para pagar menos às mulheres.
Por isso, segundo ele, políticas públicas para eliminar a diferença salarial entre sexos devem tentar igualar as condições de acesso ao trabalho.
"É possível tentar equilibrar as condições de competição entre homens e mulheres, por exemplo, construindo mais creches", afirmou.
Presidente do Sindifranca (Sindicato das Indústrias de Calçado de Franca), José Carlos Brigagão do Couto disse que a especialização da mão de obra deve ser utilizada como instrumento para combater a desigualdade no holerite entre homens e mulheres. "Quando o funcionário tem qualificação, quem contrata não vai olhar se é homem ou mulher", afirmou.
Para Pinheiro, a mudança no mercado de trabalho passa por transformação cultural na forma como a sociedade encara, por exemplo, a divisão de tarefas domésticas e o acompanhamento dos filhos.


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