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Mulher ganha menos nas vagas que mais empregam
Levantamento mostra que salário delas na região é até 16% menor do que o deles
Em Ribeirão, um vendedor do comércio em 2009 recebeu R$ 754; a mulher, na mesma atividade, ganhou R$ 105 a menos
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Para exercer a mesma função
no mercado de trabalho, eles
ainda ganham mais do que elas
nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto. Essa é,
ao menos, a realidade entre as
profissões que mais contrataram ao longo de 2009, com exceção daquelas com forte influência de fatores sazonais, como o corte de cana-de-açúcar e
a colheita de laranja.
Com base no Salariômetro,
portal eletrônico do governo
estadual que exibe estatísticas
sobre diversas profissões no
país, e em dados do Ministério
do Trabalho e Emprego, um levantamento da Folha mostra
que a diferença salarial mais
acentuada de acordo com o sexo acontece em Franca.
Na cidade, um homem que
trabalha como preparador de
calçados recebe, em média, R$
733. Uma mulher nessa função
ganha R$ 618 -16% a menos.
Em Ribeirão, a diferença salarial entre vendedores do comércio varejista é de R$ 105, a
depender do sexo. O rendimento médio para os homens
que exercem a atividade que
mais admitiu em 2009 é de
R$ 754. São R$ 105 a mais do
que as mulheres (veja quadro).
Um dos fatores mais determinantes para a persistência
da diferença salarial entre homens e mulheres é a dificuldade das trabalhadoras em ascender no emprego, segundo a gerente de projetos da Secretaria
Especial de Políticas para Mulheres, Luana Pinheiro.
É determinante para isso o
senso comum de que a mulher,
além da carreira, acumula o
trabalho doméstico e o papel
de mãe, o que a impediria de
assumir mais responsabilidades na empresa, diz Pinheiro.
Para o professor da FEA-RP
(Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de
Ribeirão Preto) da USP Luiz
Guilherme Scorzafave, o empregador pode avaliar fatores
como a maternidade (afastamento e contratação de outro
empregado nesse período) para pagar menos às mulheres.
Por isso, segundo ele, políticas públicas para eliminar a diferença salarial entre sexos devem tentar igualar as condições de acesso ao trabalho.
"É possível tentar equilibrar
as condições de competição entre homens e mulheres, por
exemplo, construindo mais
creches", afirmou.
Presidente do Sindifranca
(Sindicato das Indústrias de
Calçado de Franca), José Carlos Brigagão do Couto disse que
a especialização da mão de
obra deve ser utilizada como
instrumento para combater a
desigualdade no holerite entre
homens e mulheres. "Quando o
funcionário tem qualificação,
quem contrata não vai olhar se
é homem ou mulher", afirmou.
Para Pinheiro, a mudança no
mercado de trabalho passa por
transformação cultural na forma como a sociedade encara,
por exemplo, a divisão de tarefas domésticas e o acompanhamento dos filhos.
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