|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Milionário da Mega paga chácara de R$ 200
Aposentado de Santa Rita festejou o aniversário de casamento de 60 anos em chacrinha, com direito à piscina e missa
Família mantém padrão simples, mas está cercada de seguranças; sonho do ganhador do prêmio é voltar a morar em Santa Rita
JULIANA COISSI
ENVIADA A SANTA RITA DO PASSA QUATRO
Acostumados a um simples
churrasquinho, os filhos do jardineiro aposentado Adolfo, 79,
decidiram dessa vez incrementar a festa dos 60 anos de casamento dos pais, realizada no último domingo, em Santa Rita
do Passa Quatro. Reservaram a
chácara Boi Sentado, com direito à piscina -o aluguel custa
R$ 200. Após uma missa no local, um bufê serviu a família, a
R$ 32 por pessoa.
Ainda assim, a festa saiu "de
graça" para a família cujo patriarca se tornou milionário ao
ganhar R$ 72,4 milhões na Mega-Sena, na virada do ano.
Adolfo, agora cercado de seguranças, quer manter a vida simples e sonha em voltar para
Santa Rita.
Por segurança, Adolfo deixou
a cidade com a mulher, Ana, 80,
quando soube que era o ganhador. O seu paradeiro é desconhecido: a informação mais
provável é a de que ele está em
Ribeirão Preto, mas visita com
frequência os filhos em Santa
Rita e em Porto Ferreira.
Para a família, a vida parece
seguir sem os R$ 72 milhões.
Toninho, um dos filhos, ainda
mora na mesma casa com muro
rosa e portões enferrujados no
Jardim Nova Santa Rita, um
antigo conjunto popular.
O que mudou foi a proteção.
Ninguém da família circula pela cidade sem seguranças. O
cerco é visível: a reportagem
tentou conversar com Toninho, em sua casa, mas ele se recusou a dar entrevistas e ainda
acionou os seguranças, que
abordaram a equipe.
"Quando seu Adolfo passa de
carro, tem sempre outro carro
de segurança atrás. A gente vê
ele passar, mas nem dá para
apertar a mão", diz José Roberto Baptista, 63. Ele é o dono da
única lotérica da cidade, que
ainda exibe uma faixa para
anunciar que ali foi feita a aposta que rendeu a bolada.
Aposta, aliás, que custou
R$ 2. Era o jogo simples que
Adolfo gostava de fazer toda semana, um de seus poucos hábitos. Os outros eram cuidar dos
pássaros na chácara onde trabalhava como jardineiro e,
mesmo com a idade avançada,
dirigir o Fusca bege ano 61. O
carro hoje está em reforma.
"Ele disse que nem vai usar, que
guardará como relíquia", falou
o jornalista Adilson de Freitas,
dono da chácara onde Adolfo
trabalhou nos últimos 20 anos.
A casa do aposentado está vazia. Na última quarta-feira, alguns filhos voltaram ao imóvel
para levar os móveis, retirar o
varal e arrancar o pé de acerola.
Abandonada desde a notícia
do prêmio, a casa passou a ser
vistoriada pela polícia. Ainda
assim, foram furtados um tanquinho e duas cadeiras.
Mas e o que foi feito até agora
com os R$ 72 milhões? Mistério... Vizinhos e amigos próximos dizem que o dinheiro ainda está guardado. Um conta
que Adolfo quis comprar a Fazenda Santa Urbana, onde nasceu e foi criado.
Especulações à parte, Adolfo
quer "esperar a poeira baixar",
segundo Freitas, comprar um
novo imóvel e voltar para Santa
Rita. "É onde eles nasceram e
se casaram. Não conseguem ficar longe da cidade."
Texto Anterior: Autuação não significa dinheiro imediato em caixa Próximo Texto: Polícia mira quadrilha de assaltos a ônibus Índice
|