Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Milionário da Mega paga chácara de R$ 200

Aposentado de Santa Rita festejou o aniversário de casamento de 60 anos em chacrinha, com direito à piscina e missa

Família mantém padrão simples, mas está cercada de seguranças; sonho do ganhador do prêmio é voltar a morar em Santa Rita

JULIANA COISSI
ENVIADA A SANTA RITA DO PASSA QUATRO

Acostumados a um simples churrasquinho, os filhos do jardineiro aposentado Adolfo, 79, decidiram dessa vez incrementar a festa dos 60 anos de casamento dos pais, realizada no último domingo, em Santa Rita do Passa Quatro. Reservaram a chácara Boi Sentado, com direito à piscina -o aluguel custa R$ 200. Após uma missa no local, um bufê serviu a família, a R$ 32 por pessoa.
Ainda assim, a festa saiu "de graça" para a família cujo patriarca se tornou milionário ao ganhar R$ 72,4 milhões na Mega-Sena, na virada do ano. Adolfo, agora cercado de seguranças, quer manter a vida simples e sonha em voltar para Santa Rita.
Por segurança, Adolfo deixou a cidade com a mulher, Ana, 80, quando soube que era o ganhador. O seu paradeiro é desconhecido: a informação mais provável é a de que ele está em Ribeirão Preto, mas visita com frequência os filhos em Santa Rita e em Porto Ferreira.
Para a família, a vida parece seguir sem os R$ 72 milhões. Toninho, um dos filhos, ainda mora na mesma casa com muro rosa e portões enferrujados no Jardim Nova Santa Rita, um antigo conjunto popular.
O que mudou foi a proteção. Ninguém da família circula pela cidade sem seguranças. O cerco é visível: a reportagem tentou conversar com Toninho, em sua casa, mas ele se recusou a dar entrevistas e ainda acionou os seguranças, que abordaram a equipe.
"Quando seu Adolfo passa de carro, tem sempre outro carro de segurança atrás. A gente vê ele passar, mas nem dá para apertar a mão", diz José Roberto Baptista, 63. Ele é o dono da única lotérica da cidade, que ainda exibe uma faixa para anunciar que ali foi feita a aposta que rendeu a bolada.
Aposta, aliás, que custou R$ 2. Era o jogo simples que Adolfo gostava de fazer toda semana, um de seus poucos hábitos. Os outros eram cuidar dos pássaros na chácara onde trabalhava como jardineiro e, mesmo com a idade avançada, dirigir o Fusca bege ano 61. O carro hoje está em reforma. "Ele disse que nem vai usar, que guardará como relíquia", falou o jornalista Adilson de Freitas, dono da chácara onde Adolfo trabalhou nos últimos 20 anos.
A casa do aposentado está vazia. Na última quarta-feira, alguns filhos voltaram ao imóvel para levar os móveis, retirar o varal e arrancar o pé de acerola.
Abandonada desde a notícia do prêmio, a casa passou a ser vistoriada pela polícia. Ainda assim, foram furtados um tanquinho e duas cadeiras.
Mas e o que foi feito até agora com os R$ 72 milhões? Mistério... Vizinhos e amigos próximos dizem que o dinheiro ainda está guardado. Um conta que Adolfo quis comprar a Fazenda Santa Urbana, onde nasceu e foi criado.
Especulações à parte, Adolfo quer "esperar a poeira baixar", segundo Freitas, comprar um novo imóvel e voltar para Santa Rita. "É onde eles nasceram e se casaram. Não conseguem ficar longe da cidade."


Texto Anterior: Autuação não significa dinheiro imediato em caixa
Próximo Texto: Polícia mira quadrilha de assaltos a ônibus
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.