Ribeirão Preto, Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2011 |
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Erosão ameaça Franca por mais 13 anos No ritmo atual, esse é o prazo mínimo para recuperar as voçorocas, que ainda devem consumir R$ 20 milhões A cidade tem 26 pontos mapeados; a prefeitura diz que situação está sob controle, mas que falta verba para obras
LEANDRO MARTINS DE RIBEIRÃO PRETO Para dar uma destinação adequada para 26 voçorocas -grandes áreas de erosão urbana- existentes na cidade, a Prefeitura de Franca ainda precisa investir aproximadamente R$ 20 milhões. No ritmo atual, com a média de duas áreas recuperadas por ano, o trabalho poderá levar até 13 anos para ser concluído. A prefeitura diz não ter recurso para fazer todas as obras de uma só vez. No Jardim do Líbano, a voçoroca fez desaparecer uma rua e obrigou a prefeitura a desapropriar terrenos. O local está em fase de recuperação, diz o governo. Em outras 25 áreas atingidas, a administração diz que o processo de erosão está controlado, mas que a transformação dos espaços em locais úteis, como parques, custaria R$ 900 mil cada um. Moradora do Jardim Portinari, a pespontadeira Lecy Aparecida da Silva, 46, viu a voçoroca quase "engolir" a rua onde fica a sua casa. A erosão chegou a apenas dois metros do asfalto e, segundo ela, a vizinhança tinha medo que a estrutura das casas fosse comprometida. "A vala era muito funda e chegou bem perto do asfalto, por isso a gente achava que poderia causar problemas nas casas", afirmou. Há alguns anos, segundo Lecy, o local chegou a passar por obras, mas o buraco voltou a abrir. Hoje, a área é novamente alvo de serviços de contenção por parte da prefeitura. "Do jeito que estão fazendo agora, parece que vai resolver", disse. Em três locais onde o problema era maior, segundo a prefeitura, as erosões foram controladas e os espaços ganharam utilidade, com a transformação dos antigos terrenos degradados em parques ou áreas de lazer. Esse é o caso do Zumbi dos Palmares, Jardim Paulistano e Jardim Dermínio. No Dermínio, não houve condições de evitar que as voçorocas atingissem casas já habitadas. No bairro, segundo o secretário de Finanças, Sebastião Ananias, a área comprometida pela erosão havia sido loteada e foi preciso desapropriar e demolir 23 residências. O local foi o que recebeu a maior parte dos investimentos até agora no combate às erosões na cidade -foram cerca de R$ 2,2 milhões. A antiga voçoroca foi transformada em um parque, com pista de caminhada, playground e espaços para prática esportiva. A maior parte da despesa -R$ 1 milhão-, segundo Ananias, foi para obras de drenagem. Apesar do gasto, em alguns pontos do parque, no entanto, a força da água já voltou a causar danos -há trechos onde a enxurrada abriu valetas na terra. SOLO O tecnólogo civil Gerson Salviano de Almeida Filho, pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), disse que as erosões são resultado principalmente de problemas com despejo incorreto de águas pluviais. O solo da região de Franca, que é arenoso, também colabora para o problema. Segundo Almeida Filho, as voçorocas são estágios mais problemáticos de erosão porque os "buracos" atingem o lençol freático. Nesses casos, segundo ele, a evolução do processo de erosão não depende mais exclusivamente da chuva, pois a água subterrânea também acaba removendo a terra. Próximo Texto: No estado: SP tem cinco blocos com problemas Índice | Comunicar Erros |
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