Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Março de 2010

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Docente de Ribeirão faz "romaria" para protestar na capital

Grupo viaja sem ajuda de custo, antecipa horário, toma chuva e protesta contra o governo Serra no Morumbi

Acompanhado pela Folha, grupo de 78 professores traça estratégias para assembleia realizada em frente ao estádio do São Paulo

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Professora de 1ª a 4ª séries em Ribeirão Preto, Erika Ferreira, 33, precisou deixar anteontem o filho de seis anos com os avós. Com o marido em viagem, a professora de história Rosemeire da Costa Perez Dias, 43, teve de apelar para o transporte por mototáxi. Em vez de mais um dia comum de aulas, as duas professoras preparavam-se para mais um dia de protestos em São Paulo pela greve na rede estadual.
As professoras se somaram a um grupo que saiu da Apeoesp de Ribeirão para participar da assembleia em frente ao estádio do Morumbi, perto do Palácio dos Bandeirantes.
A Folha acompanhou a viagem de 78 professores, divididos em três ônibus alugados pelo sindicato. O horário de saída do grupo, 7h, foi antecipado em uma hora, estratégia adotada para driblar o que chamam de "cerco" da polícia na estrada -nenhum foi parado.
O grupo é formado basicamente por professores de escolas de Ribeirão, mas alguns também lecionam na região. No caminho, atualizam no papo como está a adesão à greve nas escolas e fazem um curioso debate sobre os professores de quais disciplinas são mais difíceis de aderir à greve.
O transporte é custeado pela sede da entidade, em São Paulo -R$ 1.900 por veículo. Os gastos com alimentação, porém, saem do bolso do manifestante. É que, em período de greve, diante das constantes viagens, não há a ajuda de custo como a dada em viagens para assembleias ordinárias, cujo valor varia de R$ 30 a R$ 35. Para o caminho, a subsede improvisa de seu caixa refrigerante e sanduíche de presunto e queijo.
Em SP, a primeira parada acontece num salão de festas alugado pela Apeoesp para uma conferência, às 11h. Um ônibus, na maioria conselheiros, deixa o grupo na reunião. Outro segue direto para o estádio do Morumbi -a assembleia ocorreu em frente ao local.
A conferência é uma espécie de prévia entre conselheiros de todo o Estado do que será proposto aos manifestantes. Participam do encontro 400 conselheiros. Sem almoço, o grupo de Ribeirão aproveita para "beliscar" um café com lanchinhos no fundo do salão.
Às 13h30, os docentes aguardam o ônibus para os levar ao estádio. Em vão. Recebem a notícia de que as ruas já estão bloqueadas pela polícia. O jeito é seguir a pé, nas ruas íngremes rodeadas de casarões do Morumbi. De quebra, começa uma chuva forte, com trovões, e o grupo recorre a sacos de lixo comprados numa loja de limpeza para usar como capa.
Ao chegar ao estádio, se encontram com colegas de outras cidades e "somem" na paisagem que começa a se formar, de cartazes e faixas de protesto. O grupo deixa a capital só às 20h30, após confronto com a PM que deixou ao menos 16 feridos -nenhum da região.


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