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Docente de Ribeirão faz "romaria" para protestar na capital
Grupo viaja sem ajuda de custo, antecipa horário, toma
chuva e protesta contra o governo Serra no Morumbi
Acompanhado pela Folha,
grupo de 78 professores traça
estratégias para assembleia
realizada em frente ao
estádio do São Paulo
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Professora de 1ª a 4ª séries
em Ribeirão Preto, Erika Ferreira, 33, precisou deixar anteontem o filho de seis anos
com os avós. Com o marido em
viagem, a professora de história
Rosemeire da Costa Perez Dias,
43, teve de apelar para o transporte por mototáxi. Em vez de
mais um dia comum de aulas,
as duas professoras preparavam-se para mais um dia de
protestos em São Paulo pela
greve na rede estadual.
As professoras se somaram a
um grupo que saiu da Apeoesp
de Ribeirão para participar da
assembleia em frente ao estádio do Morumbi, perto do Palácio dos Bandeirantes.
A Folha acompanhou a viagem de 78 professores, divididos em três ônibus alugados
pelo sindicato. O horário de
saída do grupo, 7h, foi antecipado em uma hora, estratégia
adotada para driblar o que chamam de "cerco" da polícia na
estrada -nenhum foi parado.
O grupo é formado basicamente por professores de escolas de Ribeirão, mas alguns
também lecionam na região.
No caminho, atualizam no papo como está a adesão à greve
nas escolas e fazem um curioso
debate sobre os professores de
quais disciplinas são mais difíceis de aderir à greve.
O transporte é custeado pela
sede da entidade, em São Paulo
-R$ 1.900 por veículo. Os gastos com alimentação, porém,
saem do bolso do manifestante.
É que, em período de greve,
diante das constantes viagens,
não há a ajuda de custo como a
dada em viagens para assembleias ordinárias, cujo valor varia de R$ 30 a R$ 35. Para o caminho, a subsede improvisa de
seu caixa refrigerante e sanduíche de presunto e queijo.
Em SP, a primeira parada
acontece num salão de festas
alugado pela Apeoesp para
uma conferência, às 11h. Um
ônibus, na maioria conselheiros, deixa o grupo na reunião.
Outro segue direto para o estádio do Morumbi -a assembleia
ocorreu em frente ao local.
A conferência é uma espécie
de prévia entre conselheiros de
todo o Estado do que será proposto aos manifestantes. Participam do encontro 400 conselheiros. Sem almoço, o grupo
de Ribeirão aproveita para "beliscar" um café com lanchinhos
no fundo do salão.
Às 13h30, os docentes aguardam o ônibus para os levar ao
estádio. Em vão. Recebem a
notícia de que as ruas já estão
bloqueadas pela polícia. O jeito
é seguir a pé, nas ruas íngremes
rodeadas de casarões do Morumbi. De quebra, começa uma
chuva forte, com trovões, e o
grupo recorre a sacos de lixo
comprados numa loja de limpeza para usar como capa.
Ao chegar ao estádio, se encontram com colegas de outras
cidades e "somem" na paisagem que começa a se formar,
de cartazes e faixas de protesto.
O grupo deixa a capital só às
20h30, após confronto com a
PM que deixou ao menos 16 feridos -nenhum da região.
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