Ribeirão Preto, Terça-feira, 28 de Setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Caso Suzane pode render outra punição

Corregedor deve instaurar procedimento disciplinar contra promotor Berardo, que já está suspenso por assédio

Agora, promotor terá que explicar declaração que deu à Globo sobre depoimento em que a presa acusa o ex-sogro

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A Procuradoria-Geral de Justiça irá pedir à Corregedoria-Geral que instaure um procedimento disciplinar contra o promotor Eliseu José Berardo Gonçalves, de Ribeirão Preto, que já cumpre 22 dias de suspensão por assediar a condenada por homicídio Suzane von Richthofen.
O novo procedimento é motivado pelas declarações do promotor anteontem ao "Fantástico", da TV Globo. Berardo disse que Suzane apontou Astrogildo Cravinhos como mentor da morte dos pais dela em outubro de 2002. Astrogildo é pai dos dois irmãos Cristian e Daniel, que foram condenados pelo crime, junto com Suzane.
Em nota, a Procuradoria pede procedimento "para apuração de eventual falta funcional praticada em razão de o promotor não ter tomado providências à época em que tomou conhecimento de fato relevante em relação ao assassinato do casal Richthofen, o que somente foi revelado em entrevista".
A instituição, ainda segundo a nota, também solicitou à Rede Globo cópia da entrevista, "a fim de instruir o procedimento".
Na entrevista, o promotor afirma que Suzane lhe contou em depoimento, em 2007, que Astrogildo determinou o dia, o horário e a forma de execução do casal, e até confeccionou os instrumentos usados para matar Manfred e Marísia.
À Folha o promotor do caso, Roberto Tardelli, disse que não pretende inquirir Astrogildo. Segundo ele, a alegação é frágil, parte de uma criminosa "especialista na arte de manipular" e, na época, o pai dos Cravinhos foi investigado, mas nada se provou contra ele.
"Não há uma uma única linha no processo sobre isso. Se juntarmos as quase 20 horas de depoimento de Suzane, ela nunca disse nada sobre ele [Astrogildo]."
A delegada Cintia Tucunduva Gomes, do Grupo Especial de Investigações de Crimes contra Criança e Adolescente, disse que não vai investigar, a não ser que haja uma denúncia formal.
Denivaldo Barni, advogado de Suzane, disse apenas que irá requisitar o documento em que ela teria feito a afirmação a Berardo.
A punição ao promotor foi revelada pela Folha no último dia 15. A pena começou a ser cumprida na quarta.
O advogado de Berardo, Heráclito Moussin, disse que já entrou com pedido de revisão da pena no Conselho Nacional do Ministério Público. O ponto mais questionado pela defesa é que Suzane em nenhum momento foi ouvida pela Corregedoria.


Texto Anterior: Há três anos, Recife teve uma "avó de aluguel"
Próximo Texto: Criança sai de coma alcoólico e ficará sob a guarda dos avós
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.