Ribeirão Preto, Domingo, 28 de Novembro de 1999 |
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JOGO Documento do Indesp revela que as 5 casas não têm autorização para abrir; Promotoria promete agir Bingo ilegal atrai 60 mil em Ribeirão e movimenta R$ 467 mil por mês
VINÍCIUS GORGULHO da Folha Ribeirão Os cinco bingos de Ribeirão Preto, que movimentam juntos pelo menos R$ 467,6 mil e atraem mais de 60 mil apostadores todos os meses, estão funcionando ilegalmente, segundo o Indesp (Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto), órgão responsável pelo credenciamento e fiscalização das casas de jogos. A Folha obteve documento do Indesp comprovando que os bingos Campos Elíseos, Botafogo, Cine Plaza e General Luck estão operando sem a autorização de funcionamento do órgão e o Ribeirão está com a validade do registro de permissão vencida. Segundo o coordenador de orçamento do Indesp, Eduardo Antonio Curado, sem autorização definitiva ou com sua renovação em atraso, toda a casa de bingo em atividade está ilegal. A Promotoria está investigando os bingos desde a semana passada e ameaça fechar as casas ilegais. A polícia informou que depende de denúncia para agir. Os representantes das casas de jogos alegam estarem credenciados a funcionar e com os pedidos de autorização protocolados pelo Indesp. Eles também argumentam que o Indesp está fechado, o que é desmentido pelo órgão. Todos os estabelecimentos apresentaram à Folha cópia do protocolo, com exceção dos bingos Ribeirão e Campos Elíseos, de propriedade da empresária do setor imobiliário de Ribeirão Celina Silva. Entretanto, conforme o Indesp, esses protocolos não autorizam a abertura dos bingos. A atividade dos bingos no país é normatizada pela Lei Pelé, que prevê que no mínimo 7% da receita bruta de cada casa de jogo seja revertida para uma entidade de esporte amador da cidade. O autor da Lei Pelé, o advogado Carlos Miguel Aidar, ex-membro do conselho deliberativo do Indesp, disse que o texto original não tratava dos bingos. "Os bingos são uma excrescência da lei, enxertada pela Câmara Federal." O ex-ministro extraordinário dos Esportes Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, disse ser contra a inclusão na Lei Pelé da normatização do funcionamento e fiscalização das casas de bingos. Em entrevista à Folha, o gerente do Bingo General Luck, José Antonio Bonifácio, admitiu que a Confederação Brasileira de Squash foi inscrita na cidade apenas para possibilitar a abertura da casa de jogos. A entidade é a suposta beneficiada pelo bingo. Tanto a entidade quanto o bingo têm o mesmo endereço, bem como o mesmo representante na cidade: o próprio Bonifácio. O presidente Benedito Alves, do Esporte Clube Vila Bela, time de futebol amador que será beneficiado com verba do Bingo Cineplaza, disse haver uma previsão de que uma média de R$ 2.000 da receita dos jogos de azar seja revertida à entidade esportiva. O valor é menos de 10% do que o bingo deveria repassar à entidade. Pela lei, a casa deve enviar 7% da receita do estabelecimento para a agremiação. De acordo com o proprietário Fábio Campos Padilha, o Bingo Cineplaza deve faturar ao mês R$ 300 mil, mas chegou a arrecadar R$ 450 nos primeiros 30 dias de atividade. Próximo Texto: Pelé critica casas que exploram jogo Índice |
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