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Foco
De cada dez médicos, 8 têm ao menos dois empregos, diz pesquisa do Cremesp
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Entre um atendimento telefônico a um ferido e uma ligação pessoal recebida no celular, a médica Virgínia Mussi,
57, relata que sua rotina diária
de trabalho é de no mínimo
dez horas. A soma de sua carga
de trabalho, que ultrapassa 60
horas semanais, é parecida
com a de um terço dos médicos paulistas, segundo levantamento do Cremesp.
O acúmulo de vários empregos -como o caso de Mussi, que tem três trabalhos diferentes -também não é incomum entre os profissionais da
medicina. De acordo com o
Cremesp, 82% têm mais de
um emprego. Do total, 27%
trabalham em três locais diferentes; 25%, em dois; e 18%,
em apenas um. Há ainda
quem acumule mais: 12% trabalham em quatro locais, 10%
em cinco, e os outros 10% têm
seis ou mais empregos.
Mãe de três filhas, "produções independentes", e avó de
duas netas, de quem diz cuidar, Mussi afirma ganhar "o
suficiente para sobreviver".
Além de atuar na rede municipal de saúde e no serviço
de emergência do Estado, ela
também faz plantões particulares em São Joaquim da Barra. Mussi diz que uma hora
"explode", mas afirma ter os
três trabalhos "porque gosta".
Os altos rendimentos e o romantismo da profissão são
"ilusão, porque o médico tem
de trabalhar dobrado para poder sobreviver", diz um cardiologista de Ribeirão de 35
anos, dois empregos e quase
90 horas semanais de trabalho que não quis dizer o nome.
Há mais de seis anos sem tirar férias, o cardiologista afirma que até já ficou internado
por causa dos problemas de
saúde que teve.
Segundo o Cremesp, o ganho mensal de um médico
paulista fica entre R$ 3.000 e
R$ 6.000, contando os vários
empregos. Para Mussi, "quem
quiser dinheiro, ganha", apesar dos salários deteriorados.
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