Ribeirão Preto, Terça-feira, 29 de Junho de 2010

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Camelôs vendem 70% dos boxes do CPC em Ribeirão

Ambulantes comercializam bancas por valores que chegam a R$ 200 mil

Fiscalização Geral diz que comerciantes com dinheiro para comprar boxes não precisam ocupar área de camelôs

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

A maioria dos boxes do CPC (Centro Popular de Compras) não é mais ocupada por antigos ambulantes que ficavam nas praças de Ribeirão Preto. Há nove anos, os espaços públicos têm sido vendidos pelos camelôs.
Segundo levantamento da Fiscalização Geral da prefeitura, 70% dos 150 comerciantes que atuam no local não são "originais", ou seja, não receberam a permissão para uso do espaço quando ele foi criado, em 2000.
Para o chefe da Fiscalização, Osvaldo Braga, os dados apontam que "grande parte daqueles que foram beneficiados no passado comercializou [o direito de uso do bem público]."
Braga afirmou que quem tem dinheiro para comprar um boxe "não precisa" estar no lugar que deveria acomodar ambulantes. As bancas chegam a custar entre R$ 60 mil e R$ 200 mil, conforme publicou a Folha em maio.
A permissionária Maria Angela Rocha, 50, é uma das que foram contempladas no início. Ela permanece até hoje. "Nunca me interessei em vender meu boxe, por dinheiro nenhum", afirmou.
Rocha contou que antigamente tinha uma barraca na praça Carlos Gomes, na região central da cidade, e que não queria ir para o CPC. "No início, a gente não sabia direito se ia ser bom."
Agora, no entanto, ela afirma que o espaço é "ótimo" para trabalhar. "Saí da praça para trabalhar aqui e é aqui que vou ficar."
A Folha tentou entrevistar comerciantes que compraram suas bancas dos permissionários do CPC, mas nenhum dos procurados aceitou falar.
Um dos comerciantes afirmou que preferiria não dar entrevista porque houve uma espécie de "acordo" entre os permissionários para que não houvesse manifestações à imprensa.
"Eu não tenho problemas porque só trabalho com produtos originais, mas toda vez que alguém dá uma entrevista, no dia seguinte a polícia aparece no CPC", afirmou um comerciante.
A prefeitura afirma que pretende barrar a comercialização dos boxes.


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