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Camelôs vendem 70% dos boxes do CPC em Ribeirão
Ambulantes comercializam bancas por valores que chegam a R$ 200 mil
Fiscalização Geral diz que comerciantes com dinheiro para comprar boxes não precisam ocupar área de camelôs
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
A maioria dos boxes do
CPC (Centro Popular de Compras) não é mais ocupada por
antigos ambulantes que ficavam nas praças de Ribeirão
Preto. Há nove anos, os espaços públicos têm sido vendidos pelos camelôs.
Segundo levantamento da
Fiscalização Geral da prefeitura, 70% dos 150 comerciantes que atuam no local
não são "originais", ou seja,
não receberam a permissão
para uso do espaço quando
ele foi criado, em 2000.
Para o chefe da Fiscalização, Osvaldo Braga, os dados
apontam que "grande parte
daqueles que foram beneficiados no passado comercializou [o direito de uso do bem
público]."
Braga afirmou que quem
tem dinheiro para comprar
um boxe "não precisa" estar
no lugar que deveria acomodar ambulantes. As bancas
chegam a custar entre R$ 60
mil e R$ 200 mil, conforme
publicou a Folha em maio.
A permissionária Maria
Angela Rocha, 50, é uma das
que foram contempladas no
início. Ela permanece até hoje. "Nunca me interessei em
vender meu boxe, por dinheiro nenhum", afirmou.
Rocha contou que antigamente tinha uma barraca na
praça Carlos Gomes, na região central da cidade, e que
não queria ir para o CPC. "No
início, a gente não sabia direito se ia ser bom."
Agora, no entanto, ela afirma que o espaço é "ótimo"
para trabalhar. "Saí da praça
para trabalhar aqui e é aqui
que vou ficar."
A Folha tentou entrevistar
comerciantes que compraram suas bancas dos permissionários do CPC, mas nenhum dos procurados aceitou falar.
Um dos comerciantes afirmou que preferiria não dar
entrevista porque houve
uma espécie de "acordo" entre os permissionários para
que não houvesse manifestações à imprensa.
"Eu não tenho problemas
porque só trabalho com produtos originais, mas toda vez
que alguém dá uma entrevista, no dia seguinte a polícia
aparece no CPC", afirmou
um comerciante.
A prefeitura afirma que
pretende barrar a comercialização dos boxes.
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