A especialidade de Barra Mansa, Cuiabano, Adriano do Vale, Helinho Paraíso, Ana Carla Jacob e outros é narrar montarias

Com voz firme e muito ritmo, eles ganham até R$ 150 mil por ano para viver nas arenas do país entre março e novembro

Silva Junior/Folha Imagem

Espetáculo de fogos de artíficio marca a abertura da Copa do Mundo de Rodeio, em Barretos

LIGIA SOTRATTI ENVIADA ESPECIAL A BARRETOS

Com voz firme e ritmada, eles comandam o espetáculo na arena de rodeios mais famosa do Brasil. Cada um com suas particularidades e trilha sonora, os locutores de rodeio chegam a ganhar R$ 150 mil por ano para participar, em média, de 35 rodeios por ano.
Barra Mansa é o mais antigo na área. Com 55 anos, iniciou nas arenas em 1977. Na época, a estrutura não era profissional e, muitas vezes, era sua voz que segurava a narração. "Hoje tem sonoplastia e aparelhagem moderna de som. Antes era uma dificuldade terrível. Fiz muitas locuções sem apoio de música."
Em média, realiza de 43 a 47 rodeios por ano e seu cachê varia de R$ 5 mil a R$ 13 mil por evento. Além da narração em rodeio, Barra Mansa tem dupla sertaneja e um programa na rádio Regência FM, de Lins (SP).
Andraus Araújo de Lima, 33, na arena e na vida se tornou o popular Cuiabano. Começou a narrar rodeios com 16 anos. Na época, gravava narrações em fita cassete, transcrevia os textos e decorava os versos. "Prestava atenção em como os locutores falavam e repetia o que anotava das gravações.
Ele narra rodeios, shows e vaquejadas -modalidade em que o peão tem que derrubar o animal- e também já fez peças publicitárias. No domingo passado, ele apresentou o show de Roberto Carlos e ganhou elogios do rei. "Foi realmente muito emocionante. Fui escolhido por Deus."
Cuiabano, que já foi cartorário e cursou direito, vive há cinco anos exclusivamente das narrações. Ganha de R$ 120 mil a R$ 150 mil por ano.
A especialidade de Adriano do Vale é o rodeio. Cria de Barretos, o locutor completa 17 anos na arena de Barretos. Ele trabalha de março a novembro como locutor e, depois aproveita o período de chuvas para descansar.
Helinho Paraíso, formado em veterinária, narra rodeios desde os 15 anos. Tentou ser peão mas, aos 17 anos, sofreu um acidente, fraturou a coluna cervical e não pode mais montar. Para continuar próximo aos bretes, se especializou na locução do rodeio.
Mas, Barretos não é palco exclusivo de locutores. A goiana Ana Carla Jacob, 29, é uma das encarregadas neste ano, pela terceira vez, de narrar o rodeio júnior. Neste universo masculino, ela diz que é preciso brigar para "conseguir espaço".


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