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Araraquara elegeu um Barbieri menos impulsivo
Amigos do prefeito eleito dizem que ele hoje está mais preparado para governar
Desde 1996, político do PMDB teve três tentativas frustradas de se eleger prefeito da cidade que vai governar a partir de quinta
DA FOLHA RIBEIRÃO
Mais de 12 anos separam o
candidato impetuoso de 1996
do homem eleito em outubro
para a Prefeitura de Araraquara. As três tentativas frustradas
de se eleger prefeito de Araraquara somadas à experiência de
quatro mandatos como deputado federal fizeram de Marcelo
Barbieri (PMDB), 52, um político mais pragmático e menos
impulsivo, dizem os amigos.
"Sinceramente, eu não acho
que na sua primeira candidatura ele estivesse preparado para
ser o grande prefeito que ele
pode ser hoje para Araraquara.
Ele era muito impulsivo, não tinha a capacidade de diálogo
que tem hoje. E Araraquara
precisa disso porque está deixando de ser provinciana para
dar um salto de qualidade e ser
um centro importante no Estado", disse o ex-vereador e engenheiro aposentado Renato Rocha (PSDB), 82, amigo da família Barbieri, bastante tradicional em Araraquara.
A carreira política do prefeito
eleito começou no movimento
estudantil, em São Paulo, onde
Barbieri estudou administração. Entre 1977 e 1978, foi presidente do Centro Acadêmico
da FGV (Fundação Getúlio
Vargas) e nos anos seguintes
passou a ser conhecido nos
meios universitários da capital.
"O Marcelo sempre foi uma
pessoa popular e comunicativa,
embora fosse um pouco tímido.
Era daquelas pessoas que vendiam credibilidade. Você podia
não concordar com ele, mas ele
nunca me pareceu um cara
mentiroso", afirmou o médico
cirurgião Walter Cury Rodrigues, 49, que, assim como Barbieri, saiu de Araraquara para
estudar em São Paulo, onde dá
aulas na Faculdade de Medicina da USP.
Na capital, Rodrigues passou
a integrar a corrente Libelu (Liberdade e Luta) do movimento
estudantil, berço de muitos petistas ilustres, enquanto Barbieri seguia a tendência do
MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), outra corrente esquerdista.
"Ele participou do 3º Encontro Nacional de Estudantes
[em setembro de 1977], que serviu para reorganizar a UNE
[União Nacional dos Estudantes]. Estava entre os que conseguiram escapar da invasão à
PUC, pela polícia. E, embora ele
não fizesse parte dos quadros
do PC do B, conseguiu integrar
uma chapa de consenso e coalizão que assumiria a diretoria da
Une", disse Rodrigues.
A filiação de Barbieri ao
MDB, que depois daria origem
ao PMDB, sigla a qual o prefeito
eleito de Araraquara mantém-se filiado e da qual é vice-presidente estadual, ocorreu em
1975. "O Marcelo foi persistente, amadureceu muito politicamente, está mais ponderado e
muito bem situado dentro do
partido", aponta o vereador
Elias Chediek Neto (PMDB),
concunhado de Barbieri.
No PMDB, o prefeito eleito é
associado ao grupo do ex-governador Orestes Quércia, de
quem é amigo pessoal. Presente nas campanhas anteriores de
Barbieri, o ex-governador não
apareceu nesta campanha vitoriosa do peemedebista, outro
fator apontado por políticos de
Araraquara como uma escolha
acertada de Barbieri na campanha vitoriosa.
Para o atual prefeito Edinho
Silva (PT), que derrotou o peemedebista nas urnas em 2000 e
2004, mas não consegui fazer
seu sucessor -a vereadora Edna Martins (PT) ficou em segundo lugar na eleição em outubro-, Barbieri soube usar a
experiência no Legislativo e o
bom posicionamento no
PMDB para chegar à prefeitura. "O Marcelo fez uma campanha de pouquíssimos erros e
era a liderança mais construída
desse processo eleitoral. Ao decidir não fazer enfrentamento
direto ao meu governo, dizer
que vai continuar os programas
que eu criei, ele impediu uma
polarização e conseguiu chegar
até o eleitor que considera meu
governo ótimo ou bom", disse o
petista.
Ironicamente, foi Edinho, o
mesmo candidato contra quem
o peemedebista liderou uma
frente em 2004, um dos petistas a indicar Barbieri ao presidente Lula em 2003. Naquele
ano, Barbieri foi nomeado assessor especial do ex-ministro
da Casa Civil, José Dirceu (PT).
"Eu falei com o presidente Lula
pessoalmente no Palácio do
Planalto. Achava correto que
ele fosse indicado porque durante a campanha para a Presidência ele foi um apoio importante na região", disse Edinho.
(VERIDIANA RIBEIRO)
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