Ribeirão Preto, Terça-feira, 30 de Dezembro de 2008

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Araraquara elegeu um Barbieri menos impulsivo

Amigos do prefeito eleito dizem que ele hoje está mais preparado para governar

Desde 1996, político do PMDB teve três tentativas frustradas de se eleger prefeito da cidade que vai governar a partir de quinta

DA FOLHA RIBEIRÃO


Mais de 12 anos separam o candidato impetuoso de 1996 do homem eleito em outubro para a Prefeitura de Araraquara. As três tentativas frustradas de se eleger prefeito de Araraquara somadas à experiência de quatro mandatos como deputado federal fizeram de Marcelo Barbieri (PMDB), 52, um político mais pragmático e menos impulsivo, dizem os amigos.
"Sinceramente, eu não acho que na sua primeira candidatura ele estivesse preparado para ser o grande prefeito que ele pode ser hoje para Araraquara. Ele era muito impulsivo, não tinha a capacidade de diálogo que tem hoje. E Araraquara precisa disso porque está deixando de ser provinciana para dar um salto de qualidade e ser um centro importante no Estado", disse o ex-vereador e engenheiro aposentado Renato Rocha (PSDB), 82, amigo da família Barbieri, bastante tradicional em Araraquara.
A carreira política do prefeito eleito começou no movimento estudantil, em São Paulo, onde Barbieri estudou administração. Entre 1977 e 1978, foi presidente do Centro Acadêmico da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e nos anos seguintes passou a ser conhecido nos meios universitários da capital.
"O Marcelo sempre foi uma pessoa popular e comunicativa, embora fosse um pouco tímido. Era daquelas pessoas que vendiam credibilidade. Você podia não concordar com ele, mas ele nunca me pareceu um cara mentiroso", afirmou o médico cirurgião Walter Cury Rodrigues, 49, que, assim como Barbieri, saiu de Araraquara para estudar em São Paulo, onde dá aulas na Faculdade de Medicina da USP.
Na capital, Rodrigues passou a integrar a corrente Libelu (Liberdade e Luta) do movimento estudantil, berço de muitos petistas ilustres, enquanto Barbieri seguia a tendência do MR8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), outra corrente esquerdista.
"Ele participou do 3º Encontro Nacional de Estudantes [em setembro de 1977], que serviu para reorganizar a UNE [União Nacional dos Estudantes]. Estava entre os que conseguiram escapar da invasão à PUC, pela polícia. E, embora ele não fizesse parte dos quadros do PC do B, conseguiu integrar uma chapa de consenso e coalizão que assumiria a diretoria da Une", disse Rodrigues.
A filiação de Barbieri ao MDB, que depois daria origem ao PMDB, sigla a qual o prefeito eleito de Araraquara mantém-se filiado e da qual é vice-presidente estadual, ocorreu em 1975. "O Marcelo foi persistente, amadureceu muito politicamente, está mais ponderado e muito bem situado dentro do partido", aponta o vereador Elias Chediek Neto (PMDB), concunhado de Barbieri.
No PMDB, o prefeito eleito é associado ao grupo do ex-governador Orestes Quércia, de quem é amigo pessoal. Presente nas campanhas anteriores de Barbieri, o ex-governador não apareceu nesta campanha vitoriosa do peemedebista, outro fator apontado por políticos de Araraquara como uma escolha acertada de Barbieri na campanha vitoriosa.
Para o atual prefeito Edinho Silva (PT), que derrotou o peemedebista nas urnas em 2000 e 2004, mas não consegui fazer seu sucessor -a vereadora Edna Martins (PT) ficou em segundo lugar na eleição em outubro-, Barbieri soube usar a experiência no Legislativo e o bom posicionamento no PMDB para chegar à prefeitura. "O Marcelo fez uma campanha de pouquíssimos erros e era a liderança mais construída desse processo eleitoral. Ao decidir não fazer enfrentamento direto ao meu governo, dizer que vai continuar os programas que eu criei, ele impediu uma polarização e conseguiu chegar até o eleitor que considera meu governo ótimo ou bom", disse o petista.
Ironicamente, foi Edinho, o mesmo candidato contra quem o peemedebista liderou uma frente em 2004, um dos petistas a indicar Barbieri ao presidente Lula em 2003. Naquele ano, Barbieri foi nomeado assessor especial do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT). "Eu falei com o presidente Lula pessoalmente no Palácio do Planalto. Achava correto que ele fosse indicado porque durante a campanha para a Presidência ele foi um apoio importante na região", disse Edinho. (VERIDIANA RIBEIRO)



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