Ribeirão Preto, Domingo, 31 de Janeiro de 2010

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Ribeirão perde 65% do lixo reciclável

Das 130 toneladas de lixo coletadas por mês na cidade, 84,4 toneladas são despejadas com os resíduos comuns no aterro

Prefeitura diz que faltam cooperados para atuar na seleção do lixo reciclável; Promotoria afirma que vai apurar o desperdício

Silva Junior/Folha Imagem
Cooperados trabalham na separação de lixo reciclável na Cooperativa Mãos Dadas, em Ribeirão

ARARIPE CASTILHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Das 130 toneladas de lixo reciclável obtidas por mês com a coleta seletiva de Ribeirão Preto, somente 45,6 toneladas, em média, são triadas e vendidas pela cooperativa Mãos Dadas, única em atividade no município. As 84,4 toneladas restantes, o equivalente a 65%, não chegam a ser reaproveitadas para gerar renda aos cooperados e têm o mesmo destino do lixo comum: o aterro.
O percentual foi obtido pela Folha por meio do cruzamento de dados do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto), responsável pela coleta, e da Secretaria da Assistência Social, que responde pela cooperativa dos catadores, hoje agentes ambientais.
Segundo a técnica da secretaria Eliana Aparecida Camolese Borges, entre as causas do descarte de todo esse material reciclável está o número insuficiente de cooperados. "Todo o trabalhador tem um limite físico. Esse é um projeto de inclusão econômica e social. Eles [os recicladores] não podem ser explorados", afirmou.
Os números de 2009 da Mãos Dadas confirmam uma tendência de que, quanto maior a quantidade de cooperados, maior é o volume de lixo aproveitado pelo grupo. O conhecimento limitado dos cooperados sobre o que pode ou não gerar renda também é apontado como um dos motivos para o desperdício. "O processo de aprendizado dos agentes é longo e lento", disse Borges.
A vice-presidente do Comdema (Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente), Jeane Bordini, inclui na conta da rejeição de recicláveis a má separação domiciliar do material. "As pessoas que separam o lixo em suas casas precisam entender que os resíduos têm de chegar ao destino em condições de reciclagem. Papelão molhado e lata de molho de tomate suja não servem", disse.
O promotor de Justiça Sebastião Donizeti Lopes, que investiga a destino dos resíduos recicláveis de Ribeirão, disse que não foi informado pela prefeitura sobre o desperdício do material reaproveitável em meio ao lixo comum. "A situação que me passaram foi completamente oposta. Vou verificar."
A técnica da Secretaria da Assistência Social disse que "teoricamente" o dado apresentado à Promotoria é verdadeiro. "Todo o material coletado passa pela central de triagem." Segundo ela, a prefeitura "tem interesse em dar um destino mais adequado" ao lixo.

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