Ribeirão Preto, Domingo, 31 de Janeiro de 2010

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Ex-catador diz que na rua há mais liberdade

Preferência pelo trabalho na rua dificulta ampliação de cooperativa

Comissão formada por prefeitura e Promotoria trabalha na criação de uma lei específica para a coleta seletiva do lixo em Ribeirão

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Uma das dificuldades em ampliar o número de agentes ambientais cooperados e consequentemente o aproveitamento do material reciclável é o que a Secretaria da Assistência Social de Ribeirão Preto classifica como "traço cultural" dos que sobrevivem da atividade informalmente. Nada mais é que a "preferência" dos catadores por não terem de prestar contas do seu trabalho.
"Na rua a gente tem mais liberdade", disse o cooperado José Roberto Albuquerque Lobo, 63, que já catou lixo na rua para vender, mas há um ano e meio decidiu se unir ao grupo de trabalhadores organizados. Ele diz que tenta chamar colegas para a cooperativa.
"Só que o pessoal não quer trabalhar com horário fixo e acha que lá fora dá para ganhar mais dinheiro", afirmou. Questionado se voltaria a trabalhar por conta próprias nas ruas de Ribeirão, Lobo disse que prefere a cooperativa.
"Lá a pessoa não tem responsabilidade, trabalha quando quer e a hora que quer. Aqui [na central de triagem] é preciso cumprir horário para todo mundo ganhar bem."
Para a técnica da Secretaria da Assistência Social, Eliana Aparecida Camolese Borges, falta nos catadores de rua "a consciência de ser cidadão, de trabalhar em grupo". A renda na cooperativa também não atrai: R$ 200, em média.
O valor é obtido com base na receita gerada com a venda do material triado e as horas trabalhadas pelos agentes no mês.
Borges afirma que os cooperados têm vantagens como previdência e acompanhamento de saúde. "Tem uma mulher recebendo licença gestante", disse. Segundo ela, o trabalho para ampliar o número de agentes é constante.

Nova central
O promotor Sebastião Donizeti Lopes disse que, em fevereiro, a prefeitura deve informá-lo sobre o estudo para uma nova central de triagem. O local abrigará os agentes da Cooperútil, desativada atualmente, mas em processo avançado de regularização, segundo Lopes.
O Ministério Público Estadual tem acompanhado o destino dado ao chamado "lixo útil" coletado na cidade, já que a Prefeitura de Ribeirão mantém um contrato exclusivo com a Leão Ambiental para a coleta seletiva. No ano passado, cerca de R$ 60 mil mensais eram pagos pelo serviço à empresa, conforme publicou a Folha em junho.
Uma comissão com representantes do Ministério Público e da prefeitura foi formada. O grupo deve finalizar nos próximos meses uma proposta para a criação de uma lei específica para a coleta seletiva na cidade, segundo o promotor. (ARARIPE CASTILHO)


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