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Ex-catador diz que na rua há mais liberdade
Preferência pelo trabalho na rua dificulta ampliação de cooperativa
Comissão formada por prefeitura e Promotoria trabalha na criação de uma lei específica para a coleta seletiva do lixo em Ribeirão
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Uma das dificuldades em
ampliar o número de agentes
ambientais cooperados e consequentemente o aproveitamento do material reciclável é
o que a Secretaria da Assistência Social de Ribeirão Preto
classifica como "traço cultural"
dos que sobrevivem da atividade informalmente. Nada mais é
que a "preferência" dos catadores por não terem de prestar
contas do seu trabalho.
"Na rua a gente tem mais liberdade", disse o cooperado
José Roberto Albuquerque Lobo, 63, que já catou lixo na rua
para vender, mas há um ano e
meio decidiu se unir ao grupo
de trabalhadores organizados.
Ele diz que tenta chamar colegas para a cooperativa.
"Só que o pessoal não quer
trabalhar com horário fixo e
acha que lá fora dá para ganhar
mais dinheiro", afirmou. Questionado se voltaria a trabalhar
por conta próprias nas ruas de
Ribeirão, Lobo disse que prefere a cooperativa.
"Lá a pessoa não tem responsabilidade, trabalha quando
quer e a hora que quer. Aqui [na
central de triagem] é preciso
cumprir horário para todo
mundo ganhar bem."
Para a técnica da Secretaria
da Assistência Social, Eliana
Aparecida Camolese Borges,
falta nos catadores de rua "a
consciência de ser cidadão, de
trabalhar em grupo". A renda
na cooperativa também não
atrai: R$ 200, em média.
O valor é obtido com base na
receita gerada com a venda do
material triado e as horas trabalhadas pelos agentes no mês.
Borges afirma que os cooperados têm vantagens como previdência e acompanhamento
de saúde. "Tem uma mulher recebendo licença gestante", disse. Segundo ela, o trabalho para
ampliar o número de agentes é
constante.
Nova central
O promotor Sebastião Donizeti Lopes disse que, em fevereiro, a prefeitura deve informá-lo sobre o estudo para uma
nova central de triagem. O local
abrigará os agentes da Cooperútil, desativada atualmente,
mas em processo avançado de
regularização, segundo Lopes.
O Ministério Público Estadual tem acompanhado o destino dado ao chamado "lixo útil"
coletado na cidade, já que a Prefeitura de Ribeirão mantém um
contrato exclusivo com a Leão
Ambiental para a coleta seletiva. No ano passado, cerca de R$
60 mil mensais eram pagos pelo serviço à empresa, conforme
publicou a Folha em junho.
Uma comissão com representantes do Ministério Público e da prefeitura foi formada.
O grupo deve finalizar nos próximos meses uma proposta para a criação de uma lei específica para a coleta seletiva na cidade, segundo o promotor.
(ARARIPE CASTILHO)
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