|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO CAMPO
Agricultores protestam em duas cidades da região por melhores preços
Atos distribuem 57 t de alimentos
ANGELO SASTRE
free-lance para a Folha Ribeirão
Agricultores da região de Ribeirão Preto distribuíram 57 toneladas de alimentos anteontem e ontem em dois protestos contra os
baixos preços dos produtos.
Em Taquaritinga, ontem pela
manhã, cerca de mil citricultores
realizaram uma carreata pelas
principais ruas da cidade e despejaram laranjas na porta de vários
bancos.
Em seguida, os manifestantes
distribuíram 50 toneladas do produto na sede do sindicato rural.
No local, também foi distribuído
suco de laranja.
De acordo com o presidente da
entidade, Marco Antônio dos
Santos, 37, a caixa de laranja está
sendo comprada por R$ 2 pelas
indústrias.
Para a direção da entidade, o valor ideal seria R$ 3, mais o custo
do frete.
"O custo de produção está muito alto. Só com o pedágio, pagamos R$ 17 milhões durante os nove meses da safra", afirmou o presidente da entidade.
Já o Sindicato Rural de Barretos,
em conjunto com a Faesp (Federação dos Agricultores do Estado
de São Paulo) e a CNA (Confederação Nacional da Agricultura),
distribuíram 7 toneladas de alimentos, anteontem, no centro da
cidade.
O ato contou com a presença de
1.200 produtores de grãos e frutas,
segundo os organizadores.
Os produtos (3 toneladas de laranja, 3 toneladas de açúcar e 1 tonelada de feijão) foram doados
pelos agricultores da região.
Prejuízos
O produtor de laranjas Cidemar
José Casari, 38, afirmou que já
perdeu R$ 40 mil por não encontrar comprador para sua produção.
"Eu perdi cerca de 20 mil caixas
porque não achei comprador e a
laranja passou do ponto de maturação", diz Casari.
Ele afirma ainda que a única solução para a situação seria a intervenção do governo.
"As indústrias não estão abertas
para a negociação e quem sofre as
consequências são os produtores
e trabalhadores rurais", afirma
Casari.
O presidente da Abecitrus (Associação Brasileira de Exportadores de Cítricos), Ademerval Garcia, 58, afirma que os valores são
fixados pelo mercado.
Ele diz também que acha difícil
o governo intervir na situação, já
que partiu dos produtores a proposta de livre comércio.
"O livre comércio está em prática desde 1994 por pedido dos
agricultores. Dessa forma, acho
difícil o governo voltar a intervir
no setor", diz Garcia.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|