Ribeirão Preto, Sábado, 31 de julho de 1999

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CRISE NO CAMPO
Agricultores protestam em duas cidades da região por melhores preços
Atos distribuem 57 t de alimentos

ANGELO SASTRE
free-lance para a Folha Ribeirão

Agricultores da região de Ribeirão Preto distribuíram 57 toneladas de alimentos anteontem e ontem em dois protestos contra os baixos preços dos produtos.
Em Taquaritinga, ontem pela manhã, cerca de mil citricultores realizaram uma carreata pelas principais ruas da cidade e despejaram laranjas na porta de vários bancos.
Em seguida, os manifestantes distribuíram 50 toneladas do produto na sede do sindicato rural. No local, também foi distribuído suco de laranja.
De acordo com o presidente da entidade, Marco Antônio dos Santos, 37, a caixa de laranja está sendo comprada por R$ 2 pelas indústrias.
Para a direção da entidade, o valor ideal seria R$ 3, mais o custo do frete.
"O custo de produção está muito alto. Só com o pedágio, pagamos R$ 17 milhões durante os nove meses da safra", afirmou o presidente da entidade.
Já o Sindicato Rural de Barretos, em conjunto com a Faesp (Federação dos Agricultores do Estado de São Paulo) e a CNA (Confederação Nacional da Agricultura), distribuíram 7 toneladas de alimentos, anteontem, no centro da cidade.
O ato contou com a presença de 1.200 produtores de grãos e frutas, segundo os organizadores.
Os produtos (3 toneladas de laranja, 3 toneladas de açúcar e 1 tonelada de feijão) foram doados pelos agricultores da região.

Prejuízos
O produtor de laranjas Cidemar José Casari, 38, afirmou que já perdeu R$ 40 mil por não encontrar comprador para sua produção.
"Eu perdi cerca de 20 mil caixas porque não achei comprador e a laranja passou do ponto de maturação", diz Casari.
Ele afirma ainda que a única solução para a situação seria a intervenção do governo.
"As indústrias não estão abertas para a negociação e quem sofre as consequências são os produtores e trabalhadores rurais", afirma Casari.
O presidente da Abecitrus (Associação Brasileira de Exportadores de Cítricos), Ademerval Garcia, 58, afirma que os valores são fixados pelo mercado.
Ele diz também que acha difícil o governo intervir na situação, já que partiu dos produtores a proposta de livre comércio.
"O livre comércio está em prática desde 1994 por pedido dos agricultores. Dessa forma, acho difícil o governo voltar a intervir no setor", diz Garcia.



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