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Feriadão desperta o "fantasma" de 96
Eleição com PT e PSDB em Ribeirão foi disputada em meio a um feriado prolongado e teve inversão no resultado
Sérgio Roxo, apoiado
por Palocci e candidato
do PT à época, disse que
seus eleitores foram à
praia "comemorar"
ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO
PT e PSDB. Um candidato
com vantagem estável na
maioria das pesquisas. Um
feriado prolongado. A eleição presidencial de hoje tem
todos os ingredientes da votação para prefeito de Ribeirão Preto de 1996, a mais disputada na era do segundo
turno na cidade.
Naquele ano, o feriadão levou para a praia militantes
do candidato que despontava como favorito e o resultado foi um revés histórico. Os
petistas, que governavam a
cidade, perderam e os tucanos assumiram o poder.
No primeiro turno de 2010,
o presidenciável José Serra
(PSDB) teve maior votação
que a petista Dilma Rousseff
na região. E o "fantasma" de
96 não é ignorado pelos
membros dos dois grupos.
A eleição municipal daquele ano foi vencida pelo
empresário Luiz Roberto Jábali (PSDB) por uma diferença de 1.572 votos sobre o advogado Sérgio Roxo (PT).
Na época, o PT atribuiu a
derrota a um "erro eleitoral"
e o PSDB creditou a vitória
aos debates dos últimos dias
antes do pleito. Hoje, os dois
lados admitem que o feriado
prolongado pode ter influenciado o resultado das urnas.
"Chegou a mim a informação de que eleitores meus comemoravam a vitória na
praia quando, na verdade, eu
tinha perdido", disse Roxo. O
segundo turno de 96 ocorreu
numa sexta, 15 de novembro.
Hoje, com 72 anos e "cansado de política", Roxo se diz
"sem idade" para a vida pública e segue a vida atuando
como professor universitário
e advogado especializado
em direito público.
EM ALTA
Nos 14 anos que se passaram entre aquela eleição e a
de hoje, a quantidade de abstenções sempre foi maior no
segundo turno.
Em 96, de um universo de
285.158 votantes, 35.943 deixaram de votar no primeiro
turno e 41.550 no segundo.
Já em 2006, Ribeirão tinha
369.696 pessoas aptas a votar, mas 57.992 não compareceram às urnas na primeira
fase -na segunda, o total de
ausentes chegou a 61.079.
Neste ano, no primeiro turno, Ribeirão viu a abstenção
de 71.133 eleitores, alta de
97,9% em comparação ao
primeiro turno de 1996. No
mesmo período, o eleitorado
cresceu só 42,35%.
O deputado estadual eleito
Welson Gasparini (PSDB),
que era deputado federal em
96, disse lembrar da virada e
que fez o possível para alertar os amigos para que ficassem na cidade para votar.
"Por telefone, quando encontro na rua, nas conversas
com as lideranças, sempre
falo para não deixar de votar.
Até porque é um direito."
Coordenadora regional da
campanha de Serra, a vereadora Silvana Resende disse
que o próprio tucano pediu
para seu eleitor não viajar.
"Por que não trocar quatro
dias de feriado por quatro
anos de um país melhor?"
O presidente estadual do
PT, o deputado estadual eleito Edinho Silva, disse crer
que o eleitor de Dilma não
viajaria antes da eleição.
"Quem costuma viajar é o
eleitor dos setores médios da
sociedade. Pessoas que votaram no Lula são, na maioria,
de classes mais populares."
Questionado sobre o revés
de 96, Edinho disse que houve mudança no perfil dos
eleitores do PT. "Tínhamos
muita penetração na classe
média, mas o Lula conseguiu
maior penetração entre os
mais carentes".
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