|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
HC registra 60 infectados pela superbactéria KPC
Além dos infectados, o micro-organismo provocou até mortes no hospital
Em 2009, surto de bactéria da mesma "família" resultou na morte de 19 bebês na Santa Casa de Franca
HÉLIA ARAUJO
DE RIBEIRÃO PRETO
Pelo menos 60 pessoas foram infectadas pela superbactéria KPC (Klebsiella
pneumoniae carbapenemase) nos últimos dois anos no
Hospital das Clínicas de Ribeirão. Neste ano foram, inclusive, registradas mortes
em decorrência da infecção
provocada pela bactéria.
A KPC é da mesma "família" da bactéria que, no fim
de 2009, causou a morte de
19 recém-nascidos na Santa
Casa de Franca.
A assessoria de imprensa
do HC informou que nos últimos dois anos foram confirmados um caso de infecção
por KPC para cada 10 mil internações -o hospital faz 312
mil internações por ano.
Segundo o infectologista e
presidente da Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar do HC, Fernando Bellissimo Rodrigues, a KPC já era
conhecida pelos médicos,
"mas só agora os casos vieram à tona na mídia."
"Neste ano tivemos mortes
pela infecção no HC de Ribeirão, assim como nos últimos
dois anos", disse.
Na Santa Casa e na Beneficência Portuguesa de Ribeirão, não foram confirmados
surtos ou casos isolados da
bactéria em 2009 e em 2010,
segundo o infectologista
Alessandro Prudêncio de
Amorim, das comissões de
Controle de Infecção Hospitalar das duas unidades.
"Tivemos infecções provocadas por bactérias, mas em
alguns casos não foi possível
identificar qual foi o agente
causador. Por isso até podemos ter tido alguns casos,
mas nenhum confirmado."
ANTIBIÓTICOS
A KPC é um organismo super resistente a antibióticos,
que vem sendo acompanhado por especialistas no mundo. Há tratamento, mas os
pacientes devem se submeter a antibióticos mais fortes.
O temor, segundo os médicos, é que uma hora não haverá mais antibióticos capazes de tratar essa infecção e pacientes vão morrer por falta de tratamento.
A transmissão ocorre por
meio do contato direto entre
as pessoas ou pelo uso de um
objeto comum. Além disso, o
uso indiscriminado de antibióticos pode estar relacionado com a proliferação.
"Como a KPC é resistente a
grande parte dos antibióticos, ela gasta muita energia e
tem a vantagem de, no hospital, o paciente usar medicamentos que matam suas
competidoras [outras bactérias]", disse Rodrigues.
Ainda de acordo com o especialista, fora do hospital,
ou quando a pessoa não está
tomando antibióticos e outros tipos de medicamentos,
a KPC não consegue concorrer com outras bactérias.
O infectologista alerta que
o uso em excesso de sabonetes antibacterianos e de antissépticos podem expor o organismo à KPC.
"Para cada célula humana
há nove de bactérias do bem
no organismo. Quando usamos esses produtos em excesso, matamos essas salvadoras e ficamos expostos às
agressoras", disse.
As Santas Casas de Franca, São Carlos e Araraquara
afirmaram que não tiveram
nenhum caso de infecção pela KPC nos últimos anos.
Texto Anterior: Foco: Em pleno surto de catapora, Ribeirão fica sem vacinas contra a doença Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros
|