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Com festival, teatro quer se descobrir
Companhias de Ribeirão projetam na mostra uma maneira de se conhecerem e de traçarem estratégias futuras
Grupos conseguiram montar equipe fixa e ter sede própria, mas reclamam da falta de mais subsídios públicos
JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO
É na coxia, e não na plateia, onde se aguça a curiosidade sobre o 1º Festival de
Teatro de Ribeirão, que começa no próximo domingo.
Isso porque são os grupos
teatrais os mais interessados
em utilizar o evento para um
"autoconhecimento", a fim
de saberem qual é e para onde caminha a produção teatral de Ribeirão.
Mesmo com companhias
que existem há duas décadas, os grupos de Ribeirão
ainda tentam se organizar.
O próprio número de companhias existentes não é consenso. A Secretaria da Cultura de Ribeirão tem oficialmente cadastrados 17 nomes,
mas estima haver 30 grupos
em atividade.
Já o diretor da ONG Ribeirão em Cena, Gilson Filho,
disse acreditar que apenas 15
estão verdadeiramente ativos, produzindo peças.
Nos últimos três anos, porém, houve avanços. Grupos
como Engasga Gato, Cia Ainda Sem Nome, Núcleo Queratina e Boccaccione conseguiram sede própria.
Eles também consolidaram uma linguagem própria
e garantiram um número fixo
de integrantes.
O perfil dos atores, aliás,
destoa do interior. A maioria
não é amador: são formados
em cursos específicos.
Além das escolas de teatro, Ribeirão possui um curso
técnico no Senac e outro de
artes cênicas, de nível superior, no Centro Universitário
Barão de Mauá.
Muitos dos atores, porém,
ainda não vivem da arte. Há
professores de teatro ou produtores culturais, mas é comum casos de quem exerça
outra profissão.
"Nas reuniões para montar o festival, ouvimos frases
como "tal dia não posso porque estou no meu trabalho'",
disse a secretária da Cultura,
Adriana Silva.
SUBSÍDIO
Companhias teatrais ouvidas pela Folha são unânimes
em dizer que a falta de subsídio e a formação de plateia
são os maiores desafios de fazer teatro em Ribeirão.
Criado em 2007, o grupo
Engasga Gato consolidou
sua linguagem. No ano passado, em conjunto com o
grupo Zibaldoni, a companhia lançou o festival Gira-Sola, com o Sesc Ribeirão.
Para a atriz Poliana Savegnago, o teatro precisa de
mais apoio financeiro, principalmente do Proac, programa de fomento do Governo
do Estado de SP.
"O desejo de todo grupo é
conseguir desenvolver o seu
trabalho de forma que possa
viver daquilo", afirmou.
Já veterano, o cenógrafo e
diretor Jair Correia pertence
ao grupo Fora do sériO, criado há 20 anos.
Com seis integrantes,
apresentam-se por todo o
país, com peças como "O Auto da Barca do Inferno".
Ele também critica a pouca
verba. "Ninguém vive de bilheteria. O problema é que é
muito burocrática a questão
das leis de incentivo. São
muito restritas a quem tem
circulação no meio político."
Para Flávio Racy, da Cia
Ainda Sem Nome, há muitos
projetos que são aprovados
pelo Estado, "mas o montante de recursos é menor do
que as aprovações".
A assessoria de imprensa
da Secretaria de Estado da
Cultura, em nota, diz que
"não existe nenhuma influência política para a aprovação de projetos" e que financiou neste ano 800 projetos culturais.
João Paulo Fernandes, do
Boccaccione, vê como maior
desafio a formação de público. "Muitas vezes um "stand-up" qualquer lota o teatro e
uma peça importante não
tem público", disse.
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