Ribeirão Preto, Domingo, 31 de Outubro de 2010

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Com festival, teatro quer se descobrir

Companhias de Ribeirão projetam na mostra uma maneira de se conhecerem e de traçarem estratégias futuras

Grupos conseguiram montar equipe fixa e ter sede própria, mas reclamam da falta de mais subsídios públicos

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

É na coxia, e não na plateia, onde se aguça a curiosidade sobre o 1º Festival de Teatro de Ribeirão, que começa no próximo domingo.
Isso porque são os grupos teatrais os mais interessados em utilizar o evento para um "autoconhecimento", a fim de saberem qual é e para onde caminha a produção teatral de Ribeirão.
Mesmo com companhias que existem há duas décadas, os grupos de Ribeirão ainda tentam se organizar.
O próprio número de companhias existentes não é consenso. A Secretaria da Cultura de Ribeirão tem oficialmente cadastrados 17 nomes, mas estima haver 30 grupos em atividade.
Já o diretor da ONG Ribeirão em Cena, Gilson Filho, disse acreditar que apenas 15 estão verdadeiramente ativos, produzindo peças.
Nos últimos três anos, porém, houve avanços. Grupos como Engasga Gato, Cia Ainda Sem Nome, Núcleo Queratina e Boccaccione conseguiram sede própria.
Eles também consolidaram uma linguagem própria e garantiram um número fixo de integrantes.
O perfil dos atores, aliás, destoa do interior. A maioria não é amador: são formados em cursos específicos.
Além das escolas de teatro, Ribeirão possui um curso técnico no Senac e outro de artes cênicas, de nível superior, no Centro Universitário Barão de Mauá.
Muitos dos atores, porém, ainda não vivem da arte. Há professores de teatro ou produtores culturais, mas é comum casos de quem exerça outra profissão.
"Nas reuniões para montar o festival, ouvimos frases como "tal dia não posso porque estou no meu trabalho'", disse a secretária da Cultura, Adriana Silva.

SUBSÍDIO
Companhias teatrais ouvidas pela Folha são unânimes em dizer que a falta de subsídio e a formação de plateia são os maiores desafios de fazer teatro em Ribeirão.
Criado em 2007, o grupo Engasga Gato consolidou sua linguagem. No ano passado, em conjunto com o grupo Zibaldoni, a companhia lançou o festival Gira-Sola, com o Sesc Ribeirão.
Para a atriz Poliana Savegnago, o teatro precisa de mais apoio financeiro, principalmente do Proac, programa de fomento do Governo do Estado de SP.
"O desejo de todo grupo é conseguir desenvolver o seu trabalho de forma que possa viver daquilo", afirmou.
Já veterano, o cenógrafo e diretor Jair Correia pertence ao grupo Fora do sériO, criado há 20 anos.
Com seis integrantes, apresentam-se por todo o país, com peças como "O Auto da Barca do Inferno".
Ele também critica a pouca verba. "Ninguém vive de bilheteria. O problema é que é muito burocrática a questão das leis de incentivo. São muito restritas a quem tem circulação no meio político."
Para Flávio Racy, da Cia Ainda Sem Nome, há muitos projetos que são aprovados pelo Estado, "mas o montante de recursos é menor do que as aprovações".
A assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Cultura, em nota, diz que "não existe nenhuma influência política para a aprovação de projetos" e que financiou neste ano 800 projetos culturais.
João Paulo Fernandes, do Boccaccione, vê como maior desafio a formação de público. "Muitas vezes um "stand-up" qualquer lota o teatro e uma peça importante não tem público", disse.


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