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Ano termina com acusados de 4 crimes violentos soltos
Crimes que marcaram 2008 incluem assassinato do estudante Rodrigo Bonilha
Para presidente da OAB, casos seguem rito normal da Justiça; já a família de jovem morto em saída de rave acredita que haja lentidão
Edson Silva - 13.fev.08/Folha Imagem
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Amigos do estudante Rodrigo Bonilha fazem manifestação
GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Quatro dos seis casos policiais de maior repercussão neste ano na região de Ribeirão
Preto vão entrar em 2009 sem
nenhum dos acusados presos e
sem que tenha havido julgamento. Os episódios de violência geraram comoção popular e
resultaram em mortes, desaparecimento ou ferimentos.
Em apenas dois casos, ocorridos no início deste mês em
Monte Alto e Tabatinga, os acusados de matar os próprios filhos em situações distintas foram presos em flagrante e permanecem na cadeia.
O primeiro crime do ano a
chocar a sociedade de Ribeirão
foi o assassinato do estudante
Rodrigo Bonilha, 18, morto a tiros em janeiro por um segurança do bufê Renato Aguiar, em
zona nobre da cidade. Bonilha
tinha acabado de prestar vestibular para a USP -foi aprovado
após a morte.
Aurelito Borges Santiago, 39,
teve até a prisão preventiva decretada, em fevereiro, mas ficou foragido até conseguir habeas corpus no TJ (Tribunal de
Justiça). Hoje, responde ao
processo em liberdade.
Ele alega que não tinha intenção de acertar Bonilha, e
que atirou para o alto apenas
para dispersar cinco rapazes
que faziam arruaça na rua do
bufê e o ameaçavam. A versão é
contestada pelos quatro amigos que estavam com Bonilha.
Segundo o advogado do acusado, José Ricardo Guimarães,
em março, haverá uma audiência em que serão ouvidas testemunhas de defesa do acusado.
Para o presidente da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil) em Ribeirão Preto, Jorge
Marcos de Souza, o caso segue o
ritual comum à Justiça. "A não-prisão segue o princípio de que
todos são inocentes até que se
prove o contrário", disse.
Já a família de outro jovem
morto neste ano, Ruben Falconi de Oliveira, 16, atropelado na
saída de uma rave no clube Magic Garden, em maio, vê lentidão da Justiça. "Isso está demorando demais. Se eu tivesse
atropelado alguém, estaria presa", disse a mãe da vítima, Cristina Falconi de Oliveira.
O carro que atropelou o filho
dela era dirigido pelo estudante
de direito Alexandre Maturana,
24, que alegou ter sido um acidente. Ele se apresentou à polícia duas horas após o crime,
mas não foi preso em flagrante.
O delegado de plantão no dia,
Ricardo Turra, registrou o caso
como homicídio culposo (sem
intenção de matar) e não pediu
exame de dosagem alcoólica do
motorista. Porém, o delegado
Luciano Cintra, que ficou responsável pelo caso, e posteriormente o Ministério Público,
denunciaram o caso à Justiça
como homicídio doloso (com
intenção de matar).
Outro estudante de direito se
envolveu num atropelamento
que também causou comoção.
Em fevereiro, Caio Caio Meneghetti Fleury Lombardi, 19, invadiu um posto de combustíveis e atropelou o frentista Carlos Pereira da Silva, 37. Um laudo provou que Lombardi estava
bêbado.
Desde agosto, o processo está
sem juiz, pois o magistrado que
tratava do caso, Luís Augusto
Freire Teotônio, pediu afastamento, por se julgar suspeito
-ele discorda da acusação feita
pelo Ministério Público, que citou o estudante por tentativa
de homicídio.
"Na esfera penal, nunca vi
um caso demorar tanto assim",
afirmou o advogado do frentista, Fábio Martins. O TJ (Tribunal de Justiça) ainda precisa
designar outro juiz para o caso.
A mãe e o padrasto do menino Pedro Henrique Marques
Pereira, morto em junho aos 5
anos, em decorrência de uma
fratura no pulso, também ainda
não foram julgados. Kátia Marques e Juliano Gunello foram
acusados de tortura pelo Ministério Público, mas a Justiça
ainda não decidiu se dará prosseguimento ao processo.
Em São Carlos, um caso policial que chamou muita atenção
continua sem desfecho: o menino Lucas Pereira, 3, desapareceu em 21 de junho, quando
brincava em frente a sua casa.
"Recebemos informações de
vários lugares como Bahia, Rio
de Janeiro, Ceará. Os telefonemas diziam que o menino estava nesses lugares, mas ele nunca foi encontrado", afirmou o
investigador Odair Gaspar.
Cadeia
Os dois casos de repercussão
em que os acusados foram presos ocorreram no início deste
mês e envolveram pais e filhos.
Eraldo Querobino Marcondes,
26, foi preso em flagrante após
confessar, segundo a polícia,
ter matado o próprio filho de 2
anos asfixiado e tê-lo enterrado
às margens de uma rodovia em
Monte Alto. Motivo do crime:
ele não queria pagar a pensão
de R$ 150 ao filho.
No mesmo dia, Teresa Gerolamo, 37, de família tradicional
de Tabatinga, confessou ter
matado o filho de seis meses
degolado. Ela está internada
num hospital psiquiátrico.
Quando tiver alta, segundo a
polícia, irá para a prisão.
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