Ribeirão Preto, Quarta-feira, 31 de Dezembro de 2008

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Ano termina com acusados de 4 crimes violentos soltos

Crimes que marcaram 2008 incluem assassinato do estudante Rodrigo Bonilha

Para presidente da OAB, casos seguem rito normal da Justiça; já a família de jovem morto em saída de rave acredita que haja lentidão

Edson Silva - 13.fev.08/Folha Imagem
Amigos do estudante Rodrigo Bonilha fazem manifestação

GEORGE ARAVANIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Quatro dos seis casos policiais de maior repercussão neste ano na região de Ribeirão Preto vão entrar em 2009 sem nenhum dos acusados presos e sem que tenha havido julgamento. Os episódios de violência geraram comoção popular e resultaram em mortes, desaparecimento ou ferimentos.
Em apenas dois casos, ocorridos no início deste mês em Monte Alto e Tabatinga, os acusados de matar os próprios filhos em situações distintas foram presos em flagrante e permanecem na cadeia.
O primeiro crime do ano a chocar a sociedade de Ribeirão foi o assassinato do estudante Rodrigo Bonilha, 18, morto a tiros em janeiro por um segurança do bufê Renato Aguiar, em zona nobre da cidade. Bonilha tinha acabado de prestar vestibular para a USP -foi aprovado após a morte.
Aurelito Borges Santiago, 39, teve até a prisão preventiva decretada, em fevereiro, mas ficou foragido até conseguir habeas corpus no TJ (Tribunal de Justiça). Hoje, responde ao processo em liberdade.
Ele alega que não tinha intenção de acertar Bonilha, e que atirou para o alto apenas para dispersar cinco rapazes que faziam arruaça na rua do bufê e o ameaçavam. A versão é contestada pelos quatro amigos que estavam com Bonilha.
Segundo o advogado do acusado, José Ricardo Guimarães, em março, haverá uma audiência em que serão ouvidas testemunhas de defesa do acusado.
Para o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Ribeirão Preto, Jorge Marcos de Souza, o caso segue o ritual comum à Justiça. "A não-prisão segue o princípio de que todos são inocentes até que se prove o contrário", disse.
Já a família de outro jovem morto neste ano, Ruben Falconi de Oliveira, 16, atropelado na saída de uma rave no clube Magic Garden, em maio, vê lentidão da Justiça. "Isso está demorando demais. Se eu tivesse atropelado alguém, estaria presa", disse a mãe da vítima, Cristina Falconi de Oliveira.
O carro que atropelou o filho dela era dirigido pelo estudante de direito Alexandre Maturana, 24, que alegou ter sido um acidente. Ele se apresentou à polícia duas horas após o crime, mas não foi preso em flagrante.
O delegado de plantão no dia, Ricardo Turra, registrou o caso como homicídio culposo (sem intenção de matar) e não pediu exame de dosagem alcoólica do motorista. Porém, o delegado Luciano Cintra, que ficou responsável pelo caso, e posteriormente o Ministério Público, denunciaram o caso à Justiça como homicídio doloso (com intenção de matar).
Outro estudante de direito se envolveu num atropelamento que também causou comoção. Em fevereiro, Caio Caio Meneghetti Fleury Lombardi, 19, invadiu um posto de combustíveis e atropelou o frentista Carlos Pereira da Silva, 37. Um laudo provou que Lombardi estava bêbado.
Desde agosto, o processo está sem juiz, pois o magistrado que tratava do caso, Luís Augusto Freire Teotônio, pediu afastamento, por se julgar suspeito -ele discorda da acusação feita pelo Ministério Público, que citou o estudante por tentativa de homicídio.
"Na esfera penal, nunca vi um caso demorar tanto assim", afirmou o advogado do frentista, Fábio Martins. O TJ (Tribunal de Justiça) ainda precisa designar outro juiz para o caso.
A mãe e o padrasto do menino Pedro Henrique Marques Pereira, morto em junho aos 5 anos, em decorrência de uma fratura no pulso, também ainda não foram julgados. Kátia Marques e Juliano Gunello foram acusados de tortura pelo Ministério Público, mas a Justiça ainda não decidiu se dará prosseguimento ao processo.
Em São Carlos, um caso policial que chamou muita atenção continua sem desfecho: o menino Lucas Pereira, 3, desapareceu em 21 de junho, quando brincava em frente a sua casa.
"Recebemos informações de vários lugares como Bahia, Rio de Janeiro, Ceará. Os telefonemas diziam que o menino estava nesses lugares, mas ele nunca foi encontrado", afirmou o investigador Odair Gaspar.

Cadeia
Os dois casos de repercussão em que os acusados foram presos ocorreram no início deste mês e envolveram pais e filhos. Eraldo Querobino Marcondes, 26, foi preso em flagrante após confessar, segundo a polícia, ter matado o próprio filho de 2 anos asfixiado e tê-lo enterrado às margens de uma rodovia em Monte Alto. Motivo do crime: ele não queria pagar a pensão de R$ 150 ao filho.
No mesmo dia, Teresa Gerolamo, 37, de família tradicional de Tabatinga, confessou ter matado o filho de seis meses degolado. Ela está internada num hospital psiquiátrico. Quando tiver alta, segundo a polícia, irá para a prisão.


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