São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2011

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Só para moças

Em Nova York, a Barnard College, que encoraja a formação de mulheres líderes, tem recorde de inscritas em 2011

Divulgação/Barnard College
Alunas formandas da turma de 2010, no Barnard College

VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

Elas ouvem que é possível dominar o mundo. Aprendem como pedir aumento para um chefe. E são treinadas para reuniões de trabalho -entonação confiante, unhas cuidadas e casaco "para não acentuar a feminilidade".
O Barnard College, faculdade de elite nos EUA, após 122 anos da fundação continua aceitando só mulheres. O número de inscritas cresce há três anos seguidos e atingiu recorde de 5.154 em 2011.
A faculdade de "liberal arts" encoraja a formação de líderes. Tem instituto dedicado à função, o Centro Atenas para Estudos de Liderança, que faz referência à deusa grega da sabedoria.
Segundo a instituição, o centro foi criado para "as [mulheres] visionárias e globalmente conscientes". A própria faculdade se define como escolha para jovens "cuja curiosidade, energia e exuberância as diferenciam".
Segundo a associação que representa as faculdades para mulheres dos EUA, apenas 2% das alunas que se formam no país saem de escolas femininas. Mas a entidade afirma que 20% das mulheres no Congresso se graduaram nessas instituições "single sex".
Os EUA têm cerca de 50 faculdades ou universidades só para mulheres. Entre todas, Barnard é a mais seletiva.
A associação também cita pesquisa da revista "Business Week" que apontou que 30% de uma lista de mulheres consideradas em ascensão no mundo corporativo americano se formaram nesses locais.
"Você já é uma líder quando sai daqui. Enfrenta o mundo com uma confiança diferente. Está pronta para ser uma supermulher, uma Dilma [Rousseff]", diz a estudante brasileira Victoria Steinbruch, 19.
"Quando se fala sobre mulheres líderes, pode-se falar sobre senadoras e CEOs, mas a Barnard tem tratado essa questão de maneira ampla. Há líderes em todos setores. Você pode ser uma líder na sua comunidade", acrescenta a diretora para programas internacionais, Hilary Link.

GUERRA DOS SEXOS
Para outra aluna brasileira, Sylvia Scodro, 20, apesar do foco na liderança, a formação não estimula uma visão opositiva entre os gêneros. "Acho que o que existe é [a convicção] de que você pode ser [o que quiser]. Tem estudo que mostra que homem tem mais facilidade para falar bem de si. A mulher acha que está se gabando."
A estudante, também brasileira, Elisa W. de Souza, 21, concorda que a escola não estimula uma guerra dos sexos.
"Quando estava concorrendo para a Barnard, visitei Wellesley College [também só para mulheres]. São um bando de malucas. Diziam: 'aqui você pode aprender a se levantar contra os homens'."
Mas as estudantes da Barnard não estão isoladas. Desde 1970, os alunos da Universidade Columbia podem assistir aulas na vizinha. Mas os homens ainda são minoria.
"Tenho aulas com 25 mulheres e um homem na sala", diz Sylvia. O diploma de graduação da escola é assinado pelas duas instituições.
As jovens da Barnard vêm de 53 países. O número de estrangeiras tem aumentado, e as chinesas encabeçam a lista de candidatas -159 inscritas em 2011. Em segundo lugar ficou a Índia, com 50.
As brasileiras ocuparam a 10ª posição, com 13. Segundo a diretora para programas internacionais, a escola quer mudar isso. "Estamos muito interessados no Brasil."


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