São Paulo, segunda-feira, 11 de outubro de 2010

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História contada

Narração de contos ajuda em todas as fases da aprendizagem, desenvolve a criatividade e ainda aproxima pais de filhos

Marcelo Justo/Folhapress
O casal Ilan e Tali Brenman conta história para as filhas no jardim do condomínio onde moram, na zona sul de SP

PATRÍCIA GOMES
DE SÃO PAULO

Sophia Rey, 4, até se esqueceu que tinha acabado de ralar o joelho. Sentada numa roda com outros 11 colegas da mesma idade, a menina só voltou a piscar quando a professora e contadora de histórias Suzana Moreira acabou de ler o conto.
Todos os dias, a turma de Sophia, no colégio São Domingos (zona oeste de São Paulo), participa de uma roda de histórias como essa.
A repetição da atividade tem um objetivo. De acordo com Vicentina de Carvalho, professora da PUC-Minas especializada em alfabetização, na idade de Sophia, ouvir histórias é fundamental.
Na fase que antecede a alfabetização, diz a especialista, a narração de histórias desenvolve a criatividade, o raciocínio, o vocabulário, o repertório cultural, ajuda a construir valores e ainda estimula o gosto pela leitura.
Ilan Brenman, escritor de livros infantis, contador de histórias e doutor em educação, concorda que todos esses efeitos sejam importantes, mas ressalta que eles devem ocorrer naturalmente.
"Procurar uma intenção pedagógica [no ato de contar história] faz com que a literatura perca sua força", diz.
Para Brenman, o que de mais valioso o ato de contar histórias traz é a aproximação entre as gerações.
"Em um mundo em que os pais trabalham 15 horas por dia, parar alguns instantes para contar história é uma demonstração de amor."
Se não é fácil para os pais encontrar um espaço na rotina para contar histórias, para os filhos não é diferente.
"Disputamos a atenção deles com a televisão e com o computador, que são mais sedutores", diz Vicentina de Carvalho, da PUC-Minas.
Para criar um universo à parte e capturar a atenção das crianças, os contadores usam algumas táticas.
Na turma de Sophia, por exemplo, Suzana e os alunos cantam uma música introdutória que eles associam como "a hora de prestar atenção".
Em casa, é preciso desligar a televisão e colocar as crianças em um lugar confortável, diz Elaine Gomes, responsável pelo curso de contadores de história no Senac-SP.
Para o aprendizado das crianças, uma história tanto pode ser contada ou lida. As duas formas, afirma Carvalho, desempenham um papel importante na alfabetização.
"A história contada é a que mais desperta o imaginário. Ela exige do contador um tom de voz diferente", diz.
Já a história lida ajuda as crianças a fazerem uma associação entre o som que ouvem e o desenho da letra.
Mas os contos não são usados só com crianças. Segundo Gomes, seu curso de contação de história para professores recebe envolvidos em todas as etapas do ensino.
Em sala, ela leciona história da arte para adultos de um curso tecnológico e usa a técnica. "O conto motiva todas as idades."


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