São Paulo, segunda-feira, 12 de julho de 2010

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Lousa viva

3D chega às escolas para tornar aprendizado mais real e atraente

Danilo Verpa/Folhapress
Crianças assistem a uma aula em 3D em estande do Pueri Domus na exposição "Corpos"

FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO

O filme começa com uma porção de espermatozoides nadando. Um deles penetra o óvulo, que começa a crescer. Ele cresce tanto que chega a sair da tela e quase esbarra no rosto do espectador.
Essa experiência já pode ser vivenciada quando alunos estudam reprodução em 3D. Popularizada pelo cinema, a tecnologia já está nas salas de aula. O principal foco é proporcionar uma experiência mais próxima do real e facilitar a visualização até de objetos microscópicos.
"A questão do 3D é muito ligada à imersão. Você consegue capturar a atenção do aluno porque ele vivencia aquilo", diz Mervyn Lowe, presidente da P3D, que começou a produzir conteúdo do tipo neste ano e já negocia a venda para escolas.
Os conteúdos em 3D são mais comuns em biologia, física, química, geografia e matemática. Quase não há material de história ou português. Como a produção é cara e lenta, a prioridade é para temas que demandam mais a visualização tridimensional.
"Tem disciplinas nas quais o 3D não agrega muita coisa", diz Durval Antunes Filho, diretor-geral da rede Dom Bosco, que usa o 3D desde 2008, quando foi comprada pelo SEB.
Gigantes na área educacional, o COC -que deu origem ao SEB- e o Objetivo já produzem material em 3D há dez anos. Trabalham agora para ampliar o seu uso.
Comprada pelo SEB em 2009, a rede Pueri Domus já iniciou produção própria de material, que começa a ser usado no segundo semestre.
Pensando nas escolas que não têm estrutura para produzir 3D, outras duas empresas, além da P3D, começam agora a oferecer conteúdo.
A Absolut Technologies cobra a partir de 900 (cerca de R$ 2.000) por uma licença de um ano para 300 filmes produzidos pela indiana Designmate. O Iesde já começou a sua produção, mas ainda não definiu um preço.
Doutor em educação com ênfase em novas tecnologias pela PUC-SP, Nilbo Nogueira acredita na eficácia da tecnologia. "Existem pessoas que aprendem ouvindo, outras vendo e outras fazendo. O 3D supre essa necessidade de quem é mais visual."

PREÇO
Uma das principais limitações ao uso, mesmo no exterior, ainda é o custo, conforme conta Cristiana Assumpção, que coordena o setor de tecnologia do colégio Bandeirantes (zona sul de SP) e participou em junho de um congresso da área nos EUA.
"É uma tecnologia que está muito incipiente, até os vendedores admitiram que o custo ainda está proibitivo."
Para Luli Radfahrer, professor de comunicação digital da ECA-USP e colunista da Folha, se o 3D for usado só como diferencial de marketing, ele não tem valor. "Como qualquer tecnologia, só faz sentido se tiver um plano didático por trás."


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