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Negócio do bem
Mais do que ensinar como funciona uma empresa, a
educação empreendedora
é usada pelas escolas para
passar noções de respeito às
diferenças, sustentabilidade
e organização do tempo
Eduardo Knapp/Folhapress
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Felipe usou experiência de curso emsua loja de vinhos
FABIANA REWALD
DE SÃO PAULO
Quando Felipe Piccinin
Rossatti, 20, foi eleito presidente da Docitos SA, em
2006, levou o trabalho na
brincadeira.
Hoje, ele vê o quanto foi
útil a experiência empreendedora que teve com o projeto Miniempresa, do qual participou quando estudava em
uma escola estadual de Limeira (151 km de SP).
A vivência de marketing,
recursos humanos, produção e finanças da fabricante
de brigadeiros criada por Felipe e seus colegas está sendo
utilizada agora na loja de vinhos que ele abriu.
Aplicado pela organização
Junior Achievement no mundo todo, o Miniempresa chegou ao Brasil em 1983, como
uma experiência pioneira de
educação empreendedora.
De lá para cá, tanto redes
públicas quanto colégios
particulares brasileiros passaram a tratar do assunto em
sala de aula, seja em uma disciplina específica, em um
curso extracurricular ou em
projetos interdisciplinares.
No entanto, mais do que
ensinar como funciona uma
empresa, a principal preocupação hoje é usar a experiência corporativa para passar
noções de respeito às diferenças, sustentabilidade e
organização do tempo.
"Não queremos que o aluno saia apenas como um possível bom empreendedor,
mas que saiba lidar com o outro", diz Atílio Monteiro Júnior, coordenador pedagógico da 2ª série do ensino médio do São Luís (centro).
Em Curitiba, a rede Dom
Bosco mudou radicalmente o
ensino do tema. Criado em
2004, o projeto Dom Empreendedor "incentivava um
grau de consumismo exagerado", diz Celia Bitencourt,
diretora da unidade Batel.
Até 2009, o programa focava no desenvolvimento de
um produto. Agora, prioriza
a construção da postura empreendedora, e criar um produto passou a ser opcional.
OUTRAS MATÉRIAS
Outra função da educação
empreendedora é despertar o
interesse pelas disciplinas
obrigatórias, diz Fernando
Dolabela, criador de uma pedagogia implantada em 126
cidades do país.
"Os adolescentes que
abrem uma empresa melhoram muito o rendimento escolar. Eles entendem que têm
de falar um bom português
para entender os contratos e
que têm de estudar matemática para calcular juros."
Ricardo de Paula Rocha,
16, aluno do Consa (zona
sul), percebeu isso ao estudar um plano de negócios.
Escrevendo relatórios semanais sobre uma cantina italiana fictícia, Ricardo e os colegas melhoraram a escrita.
"[O tema] faz os alunos estabelecerem melhor as relações entre as disciplinas e a
prática", diz Steevens Beringhs, professor da Escola
Internacional de Alphaville
(Grande SP). "As competências trabalhadas -analisar,
criar, trabalhar em um projeto- são importante para todas as matérias", diz Bernhard Beutler, diretor da Suíço-Brasileira (zona sul).
MARKETING
Para a professora de pedagogia da USP Silvia Colello,
quando essas iniciativas estão afinadas com o projeto
pedagógico da escola, elas
são muito válidas. Mas ela
alerta: "Às vezes, as escolas
usam [as atividades não obrigatórias] como marketing".
FOLHA.com
Não existe idade para o
empreendedorismo, diz
coordenadora de colégio
folha.com.br/sa836978
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