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Censo indica que 55% dos médicos são especialistas

Tendência é de aumento do grupo frente aos profissionais generalistas

Em países ricos, especialistas são o dobro dos generalistas; pediatria é a área mais popular no Brasil

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

O maior censo médico já feito até hoje no país mostra que há 1,23 especialista para cada generalista. O número, está longe da média de muitos países desenvolvidos, onde essa proporção costuma ser de 2 para 1.

Os números foram divulgados ontem pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo).

Segundo o levantamento, dos 371,788 mil médicos em atividade, 55,1% são especialistas. Ou seja, passaram por residência médica ou por concurso reconhecido de uma sociedade médica.

Os generalistas são aqueles que não passaram por esse treinamento e costumam ser responsáveis pelo primeiro atendimento.

Em geral, são médicos jovens, que ainda não conseguiram entrar para a residência. A pouca oferta de vagas é considerada pelo trabalho como um dos gargalos na formação de especialistas.

Pediatria e ginecologia são as áreas com maior número de profissionais. Juntas, elas respondem por quase um quarto dos especialistas.

SOBRA E FALTA

A pediatria lidera entre as 53 especialidades reconhecidas no país, com 13,31% desses profissionais.

A dianteira na formação de pessoal não significa, porém, que haja pediatras para todos. A pesquisa indica que eles estão bastante concentrados, sobretudo nas regiões Sul e Sudeste.

"Não faltam pediatras. O que acontece é que esses profissionais estão mal distribuídos", diz Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp.

Eduardo Vaz, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, concorda.

"Faltam incentivos para que o pediatra fique na rede pública. Os salários não são dignos em muitas cidades. O profissional acaba migrando para a rede particular, normalmente nas capitais."

Todas as outras especialidades também estão concentradas nos grandes centros.

O Sudeste lidera, acumulando 54,97% desses profissionais. Uma realidade bem diferente do Norte, que tem apenas 3,47% dos especialistas, mas abriga 8,3% da população do Brasil.

Na abertura da 14ª Conferência Nacional de Saúde, o ministro Alexandre Padilha (Saúde) retomou o discurso de que é prioridade do governo fixar médicos no interior e em regiões carentes e falou das especialidades mais requisitadas. "Precisamos formar mais pediatras que dermatologistas, mais obstetras que radiologistas."

EM BAIXA

Embora o relatório não indique nenhuma especialidade em nível crítico, a idade média elevada de algumas delas chama a atenção.

Enquanto a faixa etária média do médico brasileiro é de 46 anos, a de algumas especialidades beira os 60 anos, como patologia clínica e medicina laboratorial, medicina legal e perícia médica, angiologia e homeopatia.

A média de idade dos profissionais é um bom indicativo de tendências de carreira e das preferências dos profissionais recém-formados, afirma a pesquisa.

"Não acho que nós estejamos caminhando para um processo de extinção. O perfil do médico está mudando. Antes, o patologista clínico era o dono de um grande laboratório. Hoje, já não é mais assim, mas a procura pela residência não diminuiu", disse Carlos Balotari, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica.

Colaborou JOHANNA NUBLAT, de Brasília

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