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Bancos privados de cordão geraram só 8 transplantes

Há 45 mil unidades de sangue de cordão umbilical em laboratórios particulares

Rede pública brasileira tem mais de 9.000 cordões congelados e fez 106 transplantes nos últimos dez anos

JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
DÉBORA MISMETTI
Editora assistente de "saúde"

Apesar de existirem cerca de 45 mil cordões umbilicais congelados em bancos privados no país, desde 2003 houve só três casos em que as células foram usadas para tratar o dono do cordão.

Em outros cinco casos, as células-tronco serviram para o tratamento de parentes.

Os dados são do último relatório da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre bancos privados de sangue de cordão umbilical para uso próprio.

O objetivo dos pais ao pagar pelo serviço -que custa em torno de R$ 2.500 pela coleta mais R$ 500 anuais- é ter a garantia de ter células-tronco disponíveis para transplante caso o filho tenha doenças como leucemia, linfoma ou problemas que afetem o sangue, como alguns tipos de anemia.

Segundo Daniel Coradi, gerente de tecido, células e órgãos da Anvisa, a chance de uso do cordão é tão baixa que não vale o investimento. "O sangue seria mais bem usado nos bancos públicos."

O Brasil tem uma rede pública de coleta de sangue de cordão, a BrasilCord, que hoje tem 9.776 unidades congeladas e deu origem a 106 transplantes desde 2001.

A Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia é contra a existência dos bancos privados, segundo o presidente da entidade, Carmino Souza. "Isso é apenas um negócio, que não tem impacto na saúde pública ou individual. As pessoas são ludibriadas num momento de muita alegria para acreditar que isso pode servir num caso de leucemia ou qualquer outro problema de saúde."

Souza afirma que algumas clínicas fazem propaganda enganosa ao citar usos para as células do cordão que ainda estão longe da realidade na medicina. "Armazenar o cordão do filho é ser proprietário de algo sem utilidade."

Na França, os bancos privados são proibidos. Os EUA têm serviços particulares.

Roberto Waddington, diretor do banco privado CordVida, em São Paulo, diz que o serviço público e o particular devem se somar. "A decisão é dos pais. Se doar, o sangue vai ser mais útil para bilhões de pessoas, mas ser pai e mãe é prover segurança à sua família antes de proteger a população brasileira; há um Ministério da Saúde para isso."

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