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França pode pagar por remoção de silicone

Governo deve anunciar na sexta se achou ligação entre implantes defeituosos e câncer

Sebastien Nogier/France Presse
Cirurgião remove implante de silicone defeituoso de paciente em Nice, sudeste da França
Cirurgião remove implante de silicone defeituoso de paciente em Nice, sudeste da França

DA REUTERS
DE SÃO PAULO

Francesas que têm o implante de silicone da empresa Poly Implant Prothèses (PIP) poderão fazer cirurgias gratuitas para removê-los se o governo chegar à conclusão de que elas são cancerígenas.

A informação é do ministério da saúde da França. A ministra Nora Berra disse a jornalistas que a resposta definitiva será dada na sexta.

Oito casos de câncer foram registrados em mulheres com implantes fabricados pela PIP, empresa acusada de usar silicone industrial em vez do tipo cirúrgico.

Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), 25 mil próteses da PIP foram usadas no Brasil.

O implante foi alvo de um recall em 2010, inclusive no Brasil, quando foi descoberto que o silicone usado era de qualidade inferior.

A Vigilância Sanitária afirmou ontem que não recebeu nenhuma notificação de problemas decorrentes do uso do silicone da PIP. Sebastião Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, afirma também que nenhum profissional comunicou a entidade sobre problemas com a prótese.

Na França, há 30 mil mulheres com os implantes suspeitos. Segundo o jornal francês "Liberation", no mundo, são 300 mil mulheres.

Se o Instituto Nacional de Câncer francês chegar à conclusão de que o implante causa câncer, o governo daquele país vai pagar pela remoção para todas as mulheres.

Mas só vão receber novos implantes quem tinha feito a cirurgia reconstrutiva -por exemplo, a retirada do seio e a colocação de silicone após um câncer de mama.

Um tribunal francês também investiga um caso de morte, em 2010, que pode estar ligado ao silicone da PIP.

Alexandra Blachere, líder de um grupo de vítimas da PIP, afirma que todas deveriam receber novas próteses.

"Tirar os implantes porque eles são perigosos é bom. Mas não podemos deixar as mulheres num estado de sofrimento psicológico depois. É necessário fazer reimplantes, não importam os custos."

Desde março de 2010, houve 2.000 reclamações de mulheres com os implantes da PIP. Segundo Sebastião Guerra, podem ocorrer o endurecimento da cápsula que envolve o implante e o rompimento. "Isso pode acontecer com qualquer silicone. O problema maior é a qualidade [inferior] do silicone usado pela PIP."

Coceira e vermelhidão na região são sinais de problema. Se o implante se romper, o seio fica flácido e o silicone extravasa. "É preciso procurar o cirurgião plástico."

Guerra afirma que, a partir de janeiro, a entidade vai fazer um levantamento junto aos mais de 5.000 cirurgiões plásticos brasileiros sobre os tipos de implantes usados e possíveis problemas.

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