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Alzheimer é transmitido entre células cerebrais como infecção

Novos estudos usaram camundongos geneticamente modificados

DO “NEW YORK TIMES”

O mal de Alzheimer parece se espalhar como infecção entre as células do cérebro, segundo novos estudos.

Mas em vez de vírus ou bactérias, o que é transmitido é uma proteína conhecida pelos cientistas como tau.

Os pesquisadores que fizeram essa descoberta afirmam que outras doenças degenerativas do cérebro, como Parkinson, podem se espalhar da mesma forma.

Já se sabia que, nos doentes, células cheias dessa proteína aparecem em áreas do cérebro onde as memórias são formadas e guardadas.

O Alzheimer então se propaga para áreas maiores do cérebro, como as que são ligadas ao raciocínio.

Mas eles ainda não haviam decidido entre duas explicações. Ou a propagação da doença seria de neurônio para neurônio ou talvez algumas áreas do cérebro fossem mais resistentes à doença e demorassem mais a ser afetadas.

Os novos estudos dão uma resposta e indicam que pode ser possível parar o avanço do Alzheimer nos pacientes evitando a transmissão entre as células, por meio de um anticorpo que bloqueie a proteína tau.

As pesquisas, feitas independentemente por cientistas das universidades Columbia e Harvard (EUA), usaram camundongos geneticamente modificados que conseguiam produzir proteínas tau humanas em um tecido perto do meio do cérebro, onde as células morrem primeiro na doença de Alzheimer.

Quando a proteína começou a aparecer, as células morreram, cheias de fibras emaranhadas de tau, parecidas com espaguete.

Nos dois anos seguintes, a morte celular e a destruição se espalharam para outras células da mesma rede neural.

Como as células nas outras partes do cérebro dos roedores não faziam a proteína tau humana, a única forma pela qual ela poderia se propagar era pela transmissão de célula para célula.

Apesar dos estudos terem sido feitos em roedores, os pesquisadores dizem que o mesmo fenômeno ocorre em humanos, porque esses camundongos tinham um gene humano e a onda de morte celular foi compatível ao que ocorre com pessoas que sofrem de Alzheimer.

Uma das pesquisas foi publicada na revista "PLoS One" e a outra, na "Neuron".

Os cientistas sabiam que a proteína amiloide, que se acumula no cérebro dos pacientes com Alzheimer, poderia dar o pontapé inicial na doença. Mas nunca houve evidência de que essa proteína se espalhasse de célula para célula. Ela se acumula perto dos centros de memória, criando uma "vizinhança ruim". Então chega a proteína tau e mata as células.

O uso dos camundongos em vez do clássico estudo de cadáveres humanos permitiu provar a hipótese da transmissão da proteína tau.

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