Índice geral Saúde
Saúde
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Infarto sem dor aumenta risco de morte

Estudo dos EUA mostra que mulheres, que sentem menos os sintomas do ataque cardíaco, morrem mais da doença

Mortalidade aumenta porque, sem sintomas do infarto, paciente leva mais tempo para ser internado e tratado

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

As mulheres que sofrem do coração têm um inimigo poderoso: o silêncio. Um levantamento dos EUA constatou que boa parte das mulheres que tem infarto não sente dor no peito, o que aumenta a taxa de mortalidade entre elas.

A conclusão veio da análise de prontuários de pacientes que deram entrada em hospitais dos EUA com infarto, entre 1994 e 2006.

Os documentos mostram que a taxa de mortalidade das mulheres após internação é maior: 14,6% delas morrem, contra 10,3% dos homens.

Os pesquisadores acreditam que a causa disso resida nas características -ainda não compreendidas- do infarto feminino. Quase metade das mulheres internadas (42%) não apresentou dor ou mal estar no ataque cardíaco.

Por causa disso, parte das mulheres já chega ao hospital com um estágio avançado do infarto, o que reduz as chances de sobrevivência.

"Os dados sugerem que a ausência de dor no peito pode ser um fator determinante no risco de morte por infarto, considerando grupos de mesma faixa etária", escrevem os autores do trabalho, publicado ontem no periódico médico "Jama".

Já a maioria dos homens (quase 70%) sente os sintomas característicos de ataque cardíaco, como dor intensa, aperto no peito e mal estar.

Eles são internados mais rapidamente e com um diagnóstico mais claro, o que diminui os riscos de morte.

Além disso, "pacientes sem dor ou desconforto no peito tendem a ser atendidos de forma menos 'agressiva' quando chegam ao hospital", escrevem os autores.

Os pesquisadores avaliaram a relação entre sexo, idade e sintomas relatados em 1,14 milhão de pacientes.

Desse total, 42,1% eram mulheres e 57,9% homens -o que segue uma proporção esperada na incidência de infarto entre os sexos.

IDADE É DOCUMENTO

Os cientistas notaram também que as mulheres costumam sofrer infarto mais tarde que os homens: aos 74 anos. A média de idade dos homens vítimas de ataque cardíaco é de 67 anos.

Outra constatação, ainda não compreendida, é que o índice de morte aumenta nas mulheres mais jovens que deram entrada nos hospitais com infarto sem dor.

A incidência dos ataques cardíacos está relacionada a fatores de risco como colesterol, fumo e diabetes.

Mas isso não é determinante. Os cientistas estão tentando entender o que motiva os infartos em pacientes que não apresentam fatores de risco e nem casos na família.

Um estudo publicado neste mês no periódico "Lancet", por exemplo, mostrou que homens com determinada variação genética no cromossomo Y têm 50% mais risco de ter infarto do que os demais.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.