Índice geral Saúde
Saúde
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Governo suspende a venda de novos tipos de silicone no Brasil

Comercialização de modelos de prótese já registrados continuará, mas eles serão certificados pelo Inmetro

Produtos novos devem passar por certificação, cujas normas serão definidas até o fim do mês, afirma órgão

JÚLIA BORBA
DE BRASÍLIA
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

A partir de hoje, a comercialização de novos modelos de próteses mamárias de silicone -nacionais e importadas- está suspensa temporariamente no país.

Uma resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) obriga todos os produtos ainda não cadastrados a passarem pela certificação do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) antes da entrada no mercado.

Até ontem, as importadoras e os fabricantes nacionais precisavam apenas apresentar documentos que atestassem a qualidade dos implantes à agência para obter o registro. Os lotes nem chegavam a ser testados.

Com a mudança, o que já está no mercado e os modelos já aprovados continuam sendo vendidos até esgotar o prazo de validade ou o prazo do registro, de cinco anos.

Assim que houver necessidade de renovar o cadastro, ou a cada novo modelo de prótese lançado, o Inmetro será acionado para testar a resistência do material e a composição do silicone.

"Já existiam normas. O que teremos de novo é uma ferramenta de verificação", disse o gerente geral de tecnologia de produtos para saúde da Anvisa, Joselito Pedrosa.

O Inmetro publicou nota esclarecendo que vai atender a solicitação da agência e publicará até o dia 31 de março os requisitos de avaliação para os implantes mamários.

Apenas a partir daí importadores e fabricantes poderão se submeter às determinações e começar a vender os novos modelos de silicone.

APOIO

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, José Horácio Aboudib, afirma que a entidade apoia a mudança. "Nós somos a favor de todas as medidas que visem a aumentar a segurança dos pacientes", disse.

Ao todo, há 50 tipos de próteses mamárias certificadas pela Anvisa e 24 fabricantes credenciados. Três deles são brasileiros e os outros 21 são de fora do país.

A Folha conversou com empresas nacionais para avaliar o impacto da medida. A Silimed, uma das principais empresas do setor, no mercado há 34 anos, afirmou que "foi pega de surpresa".

A Lifesil, que produz implantes de silicone mamários e de glúteos em Curitiba, informou que já é submetida a auditoria da Anvisa e que usa, na composição das próteses, um gel médico produzido nos Estados Unidos e autorizado pela FDA (agência que regula os medicamentos e os alimentos nos EUA).

A nova resolução também estabelece que o cirurgião deverá dizer aos pacientes, com antecedência, quais são os riscos potenciais, as possibilidade de interferência na amamentação, necessidade de avaliação médica periódica e expectativa de uma nova cirurgia quando o produto chegar ao fim da vida útil.

As novas regras foram criadas depois do escândalo internacional envolvendo a marca francesa PIP (Poly Implant Prothèse) e a holandesa Rofil, acusadas de usar silicone inapropriado, com risco de romper ou vazar e provocar problemas de saúde.

Calcula-se que 20 mil brasileiras tenham implantes dessas marcas estrangeiras.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.