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Barretos triplicará atendimento de câncer

Novo centro do Hospital de Câncer, voltado para tumor infantil, terá parceria com duas instituições americanas

Meta é atingir 94% de cura de câncer infantil, como em Saint Jude, nos EUA; taxas hoje vão de 20% a 80%

Fotos Edson Silva/Folhapress
Breno Alessandro Soares dos Santos faz quimioterapia em Barretos
Breno Alessandro Soares dos Santos faz quimioterapia em Barretos

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

O Hospital de Câncer de Barretos, que atende apenas pacientes do SUS, inaugura hoje uma unidade infanto-juvenil em parceria com duas instituições americanas que são referência no mundo em tratamento oncológico, o MD Anderson e o Saint Jude Children's Hospital.

O novo centro leva o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e triplicará o atendimento ao câncer infantil na instituição, que atualmente diagnostica e trata 200 novos casos por ano.

Metade deles são de tumores avançados, muitos já tratados, sem sucesso, em outros centros. "As famílias chegam aqui em busca de um tratamento milagroso. Até hoje, não tínhamos muito mais a oferecer", diz o oncopediatra Luiz Fernando Lopes, diretor da nova unidade infantil.

As atuais taxas de cura, segundo ele, variam entre 20% e 80%, dependendo do tipo e do estágio do câncer.

A meta é atingir índices semelhantes ao do Saint Jude, que chegam a 94%.

"É a maior responsabilidade que já assumi na minha vida", resume Henrique Prata, presidente do hospital.

O acordo com o maior centro de câncer pediátrico nos EUA envolve a capacitação de profissionais brasileiros e a adoção dos mesmos protocolos clínicos e de técnicas de laboratório e genética.

"O atendimento do paciente será individualizado, baseado no conceito da terapia-alvo. Eles [Saint Jude] também vão nos dizer como precisa ser nosso laboratório, nossa UTI pediátrica", explica Luiz Lopes.

PESQUISA

Segundo ele, a parceria vai fortalecer a pesquisa clínica no hospital para que se possa oferecer uma segunda chance às crianças que chegam com tumores avançados.

"Vamos usar novas drogas nos pacientes recidivados [quando o câncer volta] ou nos quais a doença esteja avançando", afirma Lopes.

Uma das linhas de pesquisa do novo centro envolverá os tumores adrenocorticais, situados na glândula supra-renal. O Brasil é o país com mais casos desse tumor, em razão de uma mutação que só afeta pessoas daqui.

O centro também tem projetos de prevenção e de diagnóstico precoce do câncer.

"Temos de multiplicar essa consciência pelo interior do país. Desde conscientizar uma criança a não fumar, comer corretamente e realizar atividades físicas, até chegar a diagnosticar um melanoma [câncer de pele] precocemente", diz Lopes.

A unidade infantil terá 27 leitos para pacientes, ambulatórios, salas de infusão separadas por faixa etária, centro de reabilitação, centro de quimioterapia, laboratório de emergência e pronto-atendimento 24 horas.

INSTALAÇÕES

O centro começa a funcionar com 50% das instalações previstas. O restante sai até o final do ano.

Até agora foram investidos R$ 20 milhões, que vieram de doações obtidas em um programa de TV e de um projeto de incentivos do imposto de renda a pagar de pessoas jurídicas e físicas.

Outro desafio de Henrique Prata será a manutenção do centro com os padrões que a parceria exige.

Ele estima que precisará de mais R$ 2 milhões mensais. Hoje o custeio total do hospital é de R$ 16 milhões por mês- R$ 9,5 milhões vêm do SUS e outros R$ 2 milhões, do governo do Estado. O restante da verba necessária é obtida por meio de outras ações, como doações de artistas e de leilões de gado.

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