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Tumores são descobertos em estágio avançado

Problema indica falta de exames de rastreamento e prevenção da doença

Ministério da Saúde tenta melhorar a qualidade dos testes de detecção precoce para câncer do colo do útero

DA EDITORA-ASSISTENTE DE SAÚDE
DO RIO
DE BRASÍLIA

Cerca de 60% dos tumores diagnosticados no país em 2010 estavam em estágio 3 ou 4, em uma escala que vai de 0 a 4 e indica a extensão e a gravidade do câncer.
Quanto menor o valor na escala, melhores as chances do paciente.
O dado está no relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) sobre o atendimento ao paciente com câncer no Sistema Único de Saúde.
Outra estatística, do Ministério da Saúde e do Inca (Instituto Nacional de Câncer), com dados de 93 hospitais brasileiros, revela que 40% dos casos de câncer de mama, 38% dos do colo do útero, 51% dos de próstata e 87% dos de pulmão já chegaram aos serviços especializados em estágio avançado.
Segundo o Inca, esse dado inclui quem dá entrada nos hospitais para complementar o tratamento. Por isso, os diagnósticos tardios podem estar superestimados.

MORTALIDADE
O levantamento também mostra o que acontece com os doentes. Ao fim do primeiro tratamento, 6% das pacientes com câncer de mama morreram e 1% estavam foram de possibilidade terapêutica. Já entre as mulheres com câncer do colo do útero, esses números eram de 13% e 2%, respectivamente.
No caso do câncer de pulmão, a soma dos mortos e daqueles sem alternativa de tratamento chegou a 41%.
Segundo Florentino Cardoso, oncologista e presidente da Associação Médica Brasileira, os diagnósticos em estágio avançado retratam o "caos" no sistema público de saúde. Para ele, a situação não evoluiu nos últimos 15 anos. "É preciso levar a sério a prevenção e a necessidade de diagnóstico precoce."

PROVIDÊNCIAS
O governo lançou, neste ano, um programa nacional de diagnóstico, prevenção e tratamento de câncer do colo do útero e de mama, com previsão de gastos de R$ 4,5 bilhões até 2014.
Para colo do útero, a meta é fazer exames de Papanicolaou em 75% das mulheres com idades entre 25 e 59 anos e reduzir o número de testes com resultados insatisfatórios, problema que se concentra no Norte e no Nordeste. As mulheres do Norte são as que mais morrem por câncer do colo do útero no país.
Na sexta-feira, o governo lançou uma consulta pública para criar um programa de qualidade para mamografias.
A vacina contra o HPV, vírus causador do câncer do colo do útero, no entanto, ainda não está nos planos do ministério. Segundo o secretário de Atenção à Saúde Helvécio Magalhães, um grupo de trabalho deve levar ao ministro Alexandre Padilha, em dezembro, uma proposta sobre a oferta da vacina no SUS.
"Temos de saber se a vacina tem eficiência em termos de saúde pública."
A imunização só está disponível na rede privada. No Rio, a Assembleia Legislativa aprovou a oferta da vacina na rede pública. O governo define agora as condições do programa de vacinação.
O oncologista Rafael Kaliks, diretor científico da ONG Oncoguia, de apoio a pacientes com câncer, defende a adoção da imunização.
"Quantos programas de rastreamento já foram criados nos últimos 15 anos? Uma mulher no Amazonas, que tem que pegar barco, vai conseguir fazer exame? A Organização Mundial da Saúde já recomenda a vacina. É a forma mais fácil de eliminar o câncer do colo do útero."

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