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Baixo peso ao nascer aumenta risco de ter ovários policísticos
Problema impede a ovulação e atinge 10% das mulheres em idade fértil; principais sintomas são acne, ganho de peso, aumento de pelos e infertilidade
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres que nasceram prematuras ou pequenas para a
idade gestacional têm mais que
o dobro de risco de desenvolver
síndrome dos ovários policísticos na idade adulta, concluiu
um estudo da Universidade de
São Paulo, em Ribeirão Preto.
A síndrome se caracteriza
pelo aumento da produção de
hormônios andrógenos (testosterona, principalmente) e
costuma manifestar-se na adolescência. Os principais sintomas são acne, ganho de peso,
aumento da quantidade de pelos e infertilidade. Estima-se
que 10% das mulheres em idade fértil tenham o problema.
A pesquisa foi feita pelo ginecologista Anderson Sanches de
Melo, do setor de Reprodução
Humana do HC da cidade, com
base em dados de um estudo
realizado há 30 anos pelo pediatra e epidemiologista Marco
Antônio Barbieri, com crianças
nascidas em Ribeirão Preto.
Melo convocou 180 mulheres
nascidas entre 1978 e 1979 -60
que nasceram pequenas e 120
nascidas com o tamanho adequado-, que passaram por
análise clínica e realizaram
exames de sangue e ultrassom.
Os resultados mostraram
que 32% das que nasceram pequenas para a idade gestacional
tinham a síndrome, contra apenas 13,8% das demais.
Segundo Melo, uma das hipóteses para essa relação é a
"reprogramação fetal", que
ocorre quando o bebê com baixo peso faz um "esforço" para
se adaptar ao útero e não morrer. "Isso estimula a glândula
suprarrenal a aumentar a produção de glicocorticoides, o
que, no futuro, parece influenciar na produção dos hormônios endógenos (como testosterona), provocando os sintomas da síndrome", explica.
Para Barbieri, a vantagem
desse estudo é tentar tratar
mais cedo o problema em meninas que nasceram com baixo
peso. "Geralmente há um atraso no diagnóstico porque muitas mulheres começam a tomar
pílula muito novas e isso diminui os sintomas", diz.
A ginecologista Cristina Laguna Benetti Pinto, professora
da Universidade Estadual de
Campinas e orientadora de estudos sobre o tema, considera
os resultados muito interessantes. "Prematuridade e baixo
peso são fatores de risco para a
síndrome e a hipótese é esta:
uma vez estimulada, a suprarrenal alteraria o sistema hormonal como um todo."
O ginecologista Carlos Petta,
especialista em reprodução humana, diz que a síndrome é
uma doença sistêmica e crônica, em que a paciente pode
apresentar resistência à insulina e distúrbios metabólicos.
"Esse trabalho traz resultados que parecem interessantes,
mas é difícil dizer se a conclusão é real, pois a amostragem
parece pequena."
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